Bonecas Karajá são aprovadas como novo Patrimônio Cultural do Brasil

Iphan aceitou indicação das lideranças indígenas de aldeias de Goiás e Tocantins

O ofício e os modos de fazer das Bonecas Karajá formam o novo Patrimônio Cultural do Brasil. Foi o que aprovou o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), nesta quarta-feira, 25. A proposta foi apresentada ao instituto pelas lideranças indígenas das aldeias de Buridina e Bdè-Burè, de Aruanã, e as de Santa Isabel do Morro, Watau e Werebia, da Ilha do Bananal (Tocantins).

O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida comemorou o registro, ressaltando o trabalho do instituto em ampliar o número de bens protegidos em todo o Brasil. Segundo ele, a aprovação das Bonecas Karajá representa uma “dimensão de reconhecimento como patrimônio a cultura das comunidades indígenas”, que considera como fundamentais dentro do processo de formação do povo brasileiro. A confirmação desta produção cultural como Patrimônio Cultural estimula sua produção entre as mulheres karajás, possibilitando o crescimento das condições de autonomia frente às demandas externas, e reafirma a identidade Karajá.

Desde 2009, o projeto “Bonecas Karajá: Arte, Memória e Identidade Indígena no Araguaia” vem sendo supervisionado pelo DPI (Departamento de Patrimônio Imaterial) do Iphan, coordenado pela superintendência do instituto em Goiás, privilegiando os estudos sobre os aspectos imateriais das bonecas. As pesquisas pretendem identificar e documentar o ofício, seus modos de fazer e formas de expressão que envolvem sua produção nas comunidades das aldeias karajás Buridina Mahãdu e Bdé-Buré (Aruanã), e Hawalò Mahãdu (Ilha do Bananal).

As Bonecas Karajá integram o acervo de vários museus brasileiros e são muito procuradas como objetos de decoração e comercializadas como artesanato regional. As cenas esculpidas em barro e os precisos traços em preto e vermelho são as marcas da complexidade cultural que identificam as bonecas. Elas representam os mitos e histórias narradas pelos índios karajás e, muitas vezes, são a principal fonte de renda de suas famílias.