Por cidades mais empreendedoras
Localizado há 103 quilômetros de Goiânia, Jesúpolis tem apenas 2,3 mil habitantes, é um dos menores municípios do estado, de acordo com dados do IBGE de 2010, e o segundo menor PIB de Goiás. Apesar dos números tímidos, a cidade é referência no incentivo aos empreendedores: 90% das compras da prefeitura são feitas no próprio município.
Dos R$ 350 mil disponíveis para essas despesas, R$ 80 mil são gastos em negócios locais. Apenas as mercadorias não encontradas em Jesúpolis são compradas em outros municípios. Com isso, surgiram 50 novas empresas formais, entre elas um lava-jato que atende os veículos oficiais.
Este ano, o prefeito de Jesúpolis, Silvan Furtado, recebeu pela segunda vez o Prêmio Prefeito Empreendedor, concedido pelo Sebrae. O modelo adotado pelo município, defende o professor da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia da Universidade Federal de Goiás (FACE/UFG), Vicente Rocha, é um dos mecanismos para criar uma cultura empreendedora em Goiás.
“Todos os municípios tem potencialidades, falta aproveitá-las”, lembra Rocha, que discorreu sobre o assunto na última sexta-feira, 29, no Cidades+Empreendedoras, evento promovido pela Associação de Jovens Empreendedores e Empresários de Goiás (AJE Goiás) durante a Feira do Empreendedor do Sebrae.
Educação
Para o especialista, é preciso incluir temas da cultura empreendedora no currículo escolar. A medida já foi adotada pela rede municipal de Londrina (PR). Em Rio do Sul (SC), o prefeito Milton Hobus, considerado pelo Sebrae Nacional o Prefeito Empreendedor 2010, idealizou a Cadeira Empreendedorismo em uma Escola Modelo de Rio do Sul. O projeto apresenta de forma prática o empreendedorismo aos alunos e coloca os estudantes em contato com jovens empresários.
O professor destaca que as empresas precisam rever a cultura competitiva e vislumbrar a construção de acordos. Nesse sentido, o prefeito ou o secretário da área poderiam atuar na costura dessas parcerias. A desburocratização do processo de abertura de novas empresas é outro ponto que precisa ser melhorado.
Rocha cita o Empres@fácil, sistema on-line implantado pela prefeitura de Sorocaba como exemplo de eficiência e celeridade. “Essa ferramenta diminuiu de 150 dias para dois o tempo médio para o registro de um empreendimento na cidade”, ressalta.
Logística
Além da facilitar a abertura de novas empresas, as prefeituras devem atuar no sentido de viabilizar a estrutura logística para o funcionamento dessas instituições. É o que municípios goianos como Morrinhos, Jaraguá e Goiatuba têm feito. As prefeituras estão auxiliando pequenos produtores rurais a levar os alimentos até as escolas que integram o Programa Nacional de Alimentação e Escola (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimento (PAA).
Para o professor de Logística da Produção da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Sérgio Luiz Cabrini, o transporte dos bens produzidos seria responsável por 60% a 70% dos gastos do empreendedor. “A Ferrovia Norte-Sul auxiliaria no escoamento da produção goiana”, ressalta.
Capacitação
Em parceria com a AJE Goiás e o Sebrae Goiás, a FGV realiza o projeto Novos Empreendedores, que tem o objetivo de promover a a capacitação, a integração e a troca de experiências entre empreendedores, empresários e investidores, além de oferecer ferramentas importantes para a construção de planos de negócios.
Coordenador do projeto, Frederico Galvão, explica que os debates realizados pretendem “mostrar ao empreendedor que ele precisa planejar, buscar parcerias e conhecimento técnico para que seu negócio dê certo.” De acordo com ele, o empreendedor ainda se baseia mais na intuição do que no conhecimento para planejar as mudanças em seu empreendimento.
“A palavra de ordem ainda é: 'se Deus ajudar, o negócio vai dar certo'. Mas se o empreendedor buscar informação e qualificação a chance do negócio dar certo será maior e ele poderá aproveitar melhor as oportunidades”, avalia.