Curso de Jornalismo da UFG: destaque na comunicação brasileira

No dia 14 de dezembro de 1960, a UFG (Universidade Federal de Goiás) foi criada mediante a reunião de cinco escolas superiores que existiam em Goiânia: a Faculdade de Direito, a Faculdade de Farmácia e Odontologia, a Escola de Engenharia, o Conservatório de Música e a Faculdade de Medicina. Esse evento foi um marco na história de Goiás, que proporcionou aos jovens goianos uma formação profissional e intelectual em uma instituição pública, gratuita e de qualidade. A oficialização foi promovida por decreto no dia 18 de dezembro de 1961, em praça pública, na Capital do Estado, no governo de Juscelino Kubitschek. E em meados do mesmo ano sobreveio por parte da AGI (Associação Goiana de Imprensa) e do Sindicato dos Jornalistas o interesse na instauração do curso universitário de Jornalismo na recém-instituída universidade. Entretanto, na ocasião, a AGI e o Sindicato dos Jornalistas – presididos por Walter Menezes e José Osório Naves, respectivamente – propuseram ao reitor da UFG a criação do curso. Naquele momento, poucos Estados, além do eixo Rio-São Paulo, deleitavam-se no curso universitário de Jornalismo. A consolidação do projeto previsto promoveria a carreira dos jornalistas goianos rumo ao movimento de qualificação jornalística circundante no País, bem como intitularia o território goiano como um dos pioneiros a conceber esta recente modalidade na universidade brasileira. 

O primeiro reitor da UFG, Colemar Natal e Silva (1961 - 1964), teve um papel eficaz na criação do curso de Jornalismo. Dinâmico e entusiasmado com a cultura goiana, o reitor impulsionou a ideia e colocou o plano em atividade. O processo de instituição esteve em ação até o afastamento de Colemar – que fora cassado pelo movimento militar de 31 de março de 1964, tendo seu cargo assumido por José Martins D'Alvarez (1964). E, posteriormente, pelo mineiro Jerônimo Geraldo de Queiroz (1965-1968). Pensava-se que, com a nova reitoria, o desígnio seria desconsiderado. Mas, para a surpresa de todos, o novo reitor incentivou o processo e tornou realidade o curso de Jornalismo, oficializando-o em 1966. Mas somente em 1970, na reitoria de Farnese Dias Maciel Neto (1969-1972), o curso foi consolidado com a criação do Departamento de Comunicação Social da UFG. E somente no dia 5 de novembro de 1975, na reitoria de Paulo de Bastos Perilo (1973 - 1977), o curso foi reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação).

O curso de Jornalismo incentivou uma nova ideia na comunicação em Goiás. Antes da qualificação universitária, o jornalista exercia todas as atividades relacionadas ao seu ambiente de trabalho. A formação universitária permitiu um avanço significativo na qualidade profissional dos jornalistas goianos, que tiveram a oportunidade de melhorar ainda mais o seu desempenho profissional. 

Felizmente, nesse processo evolucionário da comunicação brasileira, instituiu-se mesmo antes, no governo de João Goulart (1961-1964), uma lei que regularizava os jornalistas que comprovassem mais de três anos na profissão. E, mesmo na falta do curso superior, muitos profissionais foram reconhecidos pelo Ministério do Trabalho e efetuaram o devido registro, garantindo os méritos e anseios depositados em anos de dedicação e profissionalismo com a comunicação brasileira.

O curso de jornalismo da UFG está entre um dos melhores do nosso País. A universidade está sempre intensificando e dinamizando sua estrutura e seus laboratórios, que são de extrema importância para a maturidade do aluno no exercício da profissão. Os anos se passaram, mas as conquistas na academia se ampliam dia após dia. Verdadeiramente, o curso de Jornalismo é pautado, constantemente, pelo aprimoramento e pela ética profissional. 

Atualmente, discutiram-se muito a respeito do exercício da profissão de jornalista na posse do diploma superior no Brasil. É inquestionável que toda profissão requer estratégias específicas da sua categoria de atuação, da qual compete a cada profissional desempenhar com sucesso ou não o seu trabalho; de acordo, é claro, com as suas experiências e o seu trajeto profissional. Então, não pode-se, simplesmente, desprezar a importância e a dedicação que o curso de Jornalismo reservou não só para os seus alunos – futuros profissionais da área – mas, principalmente, à sociedade brasileira. Toda profissão exige um pré-requisito e não podemos ignorar essa conquista que tem se aperfeiçoado às exigências. O curso de Jornalismo é uma parte da história da nossa sociedade conquistada veemente diante de muitos conflitos e extrema afronta social. Alguns questionamentos estarão sempre sujeitos às diversas profissões; cabe aos profissionais, dirigentes e demais responsáveis oferecerem suporte e resoluções cabíveis que não impactem a profissão a ponto de abalar toda uma estrutura estabelecida por mais de 70 anos investidos em aprimoramento e credibilidade. Décadas de trabalho por satisfação, levantando fatos, formando histórias, estabelecendo o cenário do nosso Estado, construindo o nosso Brasil. 

 

(Flávia Menezes, acadêmica do curso de Letras, com licenciatura em Língua Portuguesa, na Universidade Federal de Goiás)

Source: Diário da Manhã