Universidades e desenvolvimento

Edward Madureira Brasil 

O tema educação está nos últimos tempos cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros. Greves das categorias de profissionais nos diferentes níveis de ensino, reserva de vagas nas universidades públicas para alunos de escolas públicas (Lei de Cotas), têm sido temas recorrentes na mídia. Com esse interesse crescente, a sociedade demonstra maturidade, dando sinais claros às autoridades que se faz necessário e urgente investir em educação como a única forma de promover a emancipação do cidadão e promover um desenvolvimento duradouro e com mais equidade em nosso País.

No que tange à educação superior, a atenção da mídia se volta também para os resultados dos rankings de universidades, alguns deles reconhecidos internacionalmente, como o Times Higher Education (THE), Quacquarelli Symonds (QS) e Academic Ranking of World Universities (ARWU-Xangai). No início da semana passada, a Folha de S. Paulo em conjunto com o Instituto Folha, na tentativa de adaptar à realidade brasileira esses instrumentos internacionais, publicou um ranking de universidades brasileiras (RUF). Reconheço a importância da iniciativa, uma vez que avaliações externas e independentes são sempre bem-vindas, pois levam as instituições à reflexão sobre suas práticas internas e sobre seu papel perante a sociedade.

Entretanto, dois aspectos devem ser ressaltados. Primeiro, por conta dos critérios adotados, as universidades transitam entre diferentes classificações em cada um desses rankings, o que não significa necessariamente que uma seja “melhor” que a outra. Esses dados simplesmente demonstram que, à luz de certas variáveis e critérios, algumas instituições se destacam em relação a outras. O segundo ponto revela uma falha metodológica no indicador qualidade de ensino. No referido ranking, das 191 instituições listadas, 132 aparecem com pontuação zero em uma escala que vai de zero a vinte. Em seu blog o professor da UFBA, Paulo Costa Lima, argumenta que “a metodologia utilizada para esse indicador baseada em entrevistas com pesquisadores que deveriam apontar as dez melhores instituições em suas respectivas áreas de atuação tem valor para estabelecer um certo consenso entre as melhores, pois concentra o foco em um conjunto pequeno de instituições e homogeniza o restante”.

O RUF traz a UFG na 23ª posição dentre 232 instituições de ensino superior e como a sexta se considerarmos as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. Feitas as ressalvas acima, tal posição reflete o significativo avanço de nossa instituição nos últimos anos. Com seu primeiro curso de doutorado iniciado há apenas 19 anos, a UFG conta hoje com 22 cursos de doutorado, além de 48 opções de mestrado, totalizando 70 opções de pós-graduação strito sensu. Em seu conjunto, professores, estudantes e técnico-administrativos da UFG produzem anualmente mais de 6 mil publicações científicas inéditas nas diversas áreas do conhecimento. Desde 2005, dobramos o número de vagas oferecidas para alunos de graduação e o número de docentes. Até o final de 2012 serão mais de 2,5 mil professores, a grande maioria com título de doutor. E até o final de 2013 teremos dobrado também a nossa área física.

Esse vigoroso crescimento da UFG é fruto do trabalho árduo das pessoas que compõem essa universidade e também de uma política pública do governo federal. O programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) permitiu expandir a oferta de vagas na UFG, ampliar e recuperar a sua estrutura física, contratar por concurso público mais de 1 mil professores e mais de 300 técnico-administrativos.

A pujança econômica do Estado de Goiás sempre contou com a UFG como um de seus pilares, seja pela formação de profissionais em todas as áreas do conhecimento que hoje são os responsáveis por esse processo, seja pela contribuição efetiva na concepção e muitas vezes na execução de políticas públicas. Os goianos podem esperar ainda muito mais dessa instituição. A UFG está cada dia mais estruturada e consciente de seu verdadeiro papel como agente de desenvolvimento de Goiás.

 

Edward Madureira Brasil é reitor da Universidade Federal de Goiás