De berrante à irreverência

Torcida faz a festa no Serra no primeiro jogo entre Brasil e Argentina. Mas também tem protesto

Alunos de Agronomia da UFG levam berrante para estádio

 

A torcida goiana que foi ontem ao primeiro jogo do Superclássico das Américas, entre Brasil e Argentina, no Estádio Serra Dourada, fez a festa. Independentemente do futebol apresentado pelas duas seleções e das vaias direcionadas ao técnico Mano Menezes, a busca entre os mais de 37 mil presentes era pelos astros do futebol.

Um grupo de alunos do curso de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) brincava com um berrante na porta do estádio. Entre eles, tinha gente querendo ver Lionel Messi (argentino não convocado por jogar em clube da Europa) e Diego Forlán (uruguaio).

“Se na África do Sul tinha vuvuzela, em Goiás, é o berrante”, explicou Gustavo Appelt, de 19 anos. Ele era um dos poucos que não demonstrava interesse em ver Neymar. O amigo dele, o torcedor são-paulino Maycom Pará, também de 19 anos, esperava pelas atuações de Lucas e Luís Fabiano, jogadores de seu time do coração.

Preparados para a festa, dez pessoas vieram de Bonfinópolis, que fica a 32 km de Goiânia. “Vale a pena para ver o Brasilzão jogar”, ressaltou o estudante Higor da Silva, de 19 anos. Eles carregavam faixa com o nome de todos e esperando aparecer na telinha da TV.

Entre as muitas faixas, a de Zinalva Nohar, de 30 anos, pedia um alô para Boa Vista (RR). Ela veio com a família passar as férias em Caldas Novas e aproveitou para vir a Goiânia ver a seleção. Já mais assídua no Serra Dourada, a funcionária pública Fabiana Carneiro, de 30 anos, ao invés de faixa, fez questão de carregar uma bandeira com o símbolo de seu time do coração, o Goiás.

Fabiana esteve no jogo Brasil 0 x 0 Holanda, no ano passado, e sua expectativa era de ver os jogadores mais inspirados na nova formação de Mano Menezes. Prevendo atuação melhor, Fabiana levou a sobrinha Lorraine Carneiro, de 19 anos, que nunca tinha assistido a um jogo da seleção no estádio.

O design Alex Schinoda fez questão de ir ao Serra vestindo uma camisa da seleção argentina. “É uma forma de protesto, para mostrar insatisfação com o futebol apresentado pela seleção. Tem de mudar a CBF e o Felipão tem de voltar.” Durante o jogo, a torcida gritou o nome do ex-técnico do Palmeiras.

Não foi fácil para o torcedor chegar ao Serra Dourada. A Av. 88, principal via de acesso ao estádio, ficou congestionada. Pelo caminho, via-se muitos cambistas vendendo ingressos – de arquibancada, por até 180 reais –, poucas viaturas da AMT e da Polícia Militar, mais concentrados próximos ao Serra Dourada. Porém, nada tirou o bom humor dos torcedores na noite.

Source: O Popular