Goiás na rota dos maranhenses

Fluxo migratório para o Estado na última década concentra, em sua maioria, nascidos no Norte e Nordeste

 

Em uma década, eles saltaram de 92 mil para 161 mil vivendo em Goiás – crescimento de 75%. Os maranhenses são, entre os nascidos nos Estados do Norte e Nordeste do País, os que mais migraram para Goiás na última década, comparados os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad-IBGE) divulgada na semana passada com o estudo feito em 2001 – em números absolutos. E com exceção dos nascidos no próprio Estado, os nascidos no Maranhão são a quarta maior população vivendo em Goiás – só há mais que maranhenses, os mineiros, baianos e brasilienses.

O incremento da construção civil e o desenvolvimento econômico experimentado pelo eixo formado pelo Distrito Federal e Goiás, aliados à recente expansão da fronteira agrícola nas Regiões Norte e Nordeste estão entre os fatores que explicam este movimento migratório. “Esse cenário acaba atraindo mão de obra qualificada e não-qualificada, também. E não só para viver em Goiânia, como em cidades que se destacam por características diversas, como Caldas Novas, em razão do turismo. Lá também há um contingente crescente de migrantes do Norte e Nordeste chegando para viver no município”, ressalta o professor do Instituto de Estudos Socioeconômicos da Universidade Federal de Goiás (Iesa-UFG), geógrafo João Batista de Deus.

Para o professor, esse fenômeno tem continuidade até que haja saturamento do desenvolvimento para os destinos mais procurados por estas pessoas; ou até que haja maior desenvolvimento das áreas onde há, ainda, grande expulsão de seus residentes. O ideal, segundo destaca, é que houvesse melhor desenvolvimento socioeconômico de caráter regional, para que as capitais e suas regiões metropolitanas não fossem inchadas de maneira desordenada. “As cidades médias devem atrair, também, por terem condições de oferecer infraestrutura, trabalho e lazer. Em Goiás isto ainda não é um quadro comum, mas pode ocorrer, assim como ocorreu em São Paulo”, acentua.

Em Estados do Norte e Nordeste, explica o geógrafo, a intensificação da agricultura e sua crescente mecanização são fenômenos mais recentes. Um fenômeno que leva à expulsão do homem do campo para a cidade. E quando esse ex-homem do campo não encontra trabalho, meio de se sustentar e à sua família nessas localidades, ele sai em busca dessa possibilidade em outros centros. A posição estratégica de Goiás e o desenvolvimento experimentado pelo Estado, acima da média nacional, atraem esse contingente populacional.

Como resultado desse fenômeno, o entorno das grandes cidades, onde o custo de vida é menor, crescem de forma desordenada, sem que o poder público dê sua contrapartida.

Source: O Popular