Maioria pertence às famílias de baixa renda

Obrigados a abandonar os estudos para ajudar em casa, jovens acabamno subemprego e ganhando mal

 

Depois de concluir o ensino médio, Jacqueline Marques Ribeiro, de 24 anos, até que tentou cursar faculdades à distância, mas não conseguiu ir adiante. Isso já faz mais de cinco anos. Nesse tempo, ela foi operadora de caixa, mas agora faz um bico para sobreviver, sem carteira assinada, em troca de um salário mínimo. “Me arrependi muito. Se tivesse continuado os estudos, já teria concluído e poderia ter um emprego fixo hoje”, lamenta, justificando que também parou de estudar para ajudar a família a cuidar de um sobrinho portador de necessidades especiais.

Para o professor do Departamento de Educação da PUC Goiás e doutor em Educação pela UFG, Aldimar Jacinto Duarte, membro do Programa de Educação e Cidadania da PUC e do grupo de pesquisa Juventude e Educação, a questão é mais social. Ele lembra que a maioria desses jovens pertence a famílias de baixa renda e que precisam se inserir muito cedo no mercado de trabalho para ajudar no sustento da casa.

Aí, vem a dificuldade para conciliar estudos e trabalho pela exaustão, quando muitos deixam a escola. Esta última também mantém um distanciamento da realidade desses jovens. “Como geralmente o ensino médio é voltado para o vestibular e ele não tem perspectiva de fazer um curso superior, não vê sentido em continuar estudando e resolve trabalhar”, explica o professor.

DIÁLOGO

Outro problema é que esse sistema de ensino não consegue dialogar com os jovens em relação ao modo de trabalho que ele enfrenta. A organização do conteúdo e a metodologia de ensino ignoram totalmente os problemas e a realidade desses jovens, que já estão inseridos no mundo do trabalho de forma precária e descontínua.

Para a professora Elizabeth Bicalho, o problema é agravado quando o jovem se envolve com drogas, uma questão de saúde pública. Aí sim, ele não consegue estar numa sala de aula ou no trabalho de jeito nenhum. Ela alerta que essa juventude pode se tornar um problema social grave porque esses serão os adultos num curto espaço de tempo, e sem perspectivas. “O que a sociedade tem feito para estar vigilante a essa questão?”, indaga.

Fuente: O Popular