Mais mortes e menos embriaguez

De janeiro a agosto deste ano 178 morreram, enquanto 1.653 foram autuados por dirigir embriagado

A cada 33 horas uma pessoa morre no trânsito de Goiânia, ainda no local em que o acidente ocorreu, de acordo com a Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict). De janeiro a agosto deste ano, foram 178 vítimas do tráfego nas ruas e avenidas da capital. O número é 5,95% maior do que o registrado nos oito primeiros meses de 2011, quando 164 óbitos aconteceram. No mesmo período do ano passado, o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran) autuou 2.260 motoristas por dirigir embriagado, e neste ano, 1.653 – redução de 36,72%.

A relação entre as duas estatísticas existe. A professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em trânsito, Márcia Helena Macedo, afirma que esta relação é clara e relembra que, logo que a Lei Seca foi implantada, houve redução no número de acidentes registrados oficialmente, assim como de violência doméstica.

O fato é explicado pela dificuldade em punir motoristas que dirigem com teor alcoólico acima do permitido (0,2 decigramas por litro de sangue). “Há também a falta de fiscalização, é comum a gente ouvir de que em época de eleição, como agora, há uma tendência em não multar motoristas, para não haver desgastes aos governos”, avalia Márcia.

Outro fator importante ao estabelecer a relação entre o alto número de mortes e o baixo volume de autuações por embriaguez é o mascaramento dessas variáveis. Márcia explica que os dados estatísticos referentes a mortes no trânsito só se dá quando a vítima vem a óbito no local do acidente. Se ela morre a caminho do hospital ou em qualquer unidade de saúde, o dado é suprimido.

Da mesma forma, com a vítima hospitalizada e caso venha a morrer alguns dias depois, não ocorre o exame clínico para verificar a alcoolemia de quem se envolveu em acidentes. Assim, é possível que o aumento do número de acidentes e de mortes no trânsito seja ainda mais ligado à dificuldade de fiscalizar e, principalmente, punir motoristas que dirigem sob o efeito de álcool.

Já o Detran não vislumbra essa relação tão direta. A explicação do diretor de operações do órgão, coronel Sebastião Vaz, é que o baixo número de infrações por embriaguez se dá pela conscientização da população, especialmente como reflexo da Balada Responsável. “Os números do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar mostram uma redução dos acidentes na capital”, afirma.

De 30 de setembro do ano passado até o dia 12 as blitzen da Operação Balada Responsável realizaram 2.306 infrações administrativas pelo artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que relaciona a direção com o teor de alcoolemia. Neste mesmo período, 151 condutores foram levados à delegacia por infringir o artigo 306 do mesmo CTB, quando o teor está acima de 0,6 decigramas por litro de sangue.

ESTIMATIVA

Em todo o Estado, o Corpo de Bombeiros Militar registrou 21.594 acidentes de trânsito de janeiro a agosto deste ano. Uma média de 88,5 ocorrências por dia. No ano passado, neste período, a média foi de 95,33 acidentes diários em todo o perímetro goiano. Não há dados específicos sobre quantos acidentes teriam sido causados ou com participação de motoristas embriagados.

O que se tem oficialmente são dados do Detran, entre janeiro e abril deste ano. Neste caso, em todo o Estado foram registrados 31.863 acidentes, 260 com motoristas embriagados, ou 0,8% do total. Em Goiânia, das 11.998 ocorrências no trânsito registradas pelo órgão, em 41 havia a presença direta de um motorista visivelmente embriagado – 0,34%.

Fuente: O Popular