Seja com grandes bilheterias, propondo pesquisas de linguagem, provocando discussões na sociedade ou ganhando troféus nos principais festivais e academias mundo afora, o cinema brasileiro contemporâneo conquistou um lugar interessante na cultura nacional, principalmente considerando-se a primazia ainda incontestável das telenovelas na nossa produção cultural. O Cine UFG apresenta, a partir de hoje, um painel representativo destes filmes em duas mostras. A primeira parte será apresentada neste ano e a segunda parte será apresentada no 1º semestre de 2013.
“O que norteou as nossas escolhas foi a diversidade: de olhares, de abordagens, de procedimentos, de geografia, de gêneros. E de cores, imagens, sons e personagens do Brasil”, explica Anselmo Pessoa Neto, da curadoria da mostra. O evento é a uma realização da Universidade Federal de Goiás com apoio da Agência Nacional de Cinema e da Rádio Executiva.
Para o curador, além do entretenimento, a mostra tem uma outra proposta. “A nossa expectativa é que você se reconheça nessas imagens e sons do Brasil, ou, ao contrário, que você passe a conhecer um outro Brasil a partir dessas imagens e sons”, convida.
Seguindo a praxe normal de funcionamento do Cine UFG, anexo à Faculdade de Letras no Câmpus Samambaia, os filmes serão exibidos em duas sessões: ao meio-dia e às 17h30, apenas de segunda a sexta-feira. A primeira parte da mostra prossegue em exibição até 14 de dezembro.
DIVERSIDADE
A curadoria, apesar do cuidado em contemplar várias faixas de público e diversidade de gêneros, prima pela qualidade das obras. Não se nota a distinção, tão rara a muitos cinéfilos, entra longas-metragens que poderiam ser rotulados como filmes de arte ou filmes populares, diretores experimentais ou de verve mais televisiva. Um pouco de cada espectro do cinema atual está representado na programação.
Os filmes que dão partida a esta maratona, nesta quinta-feira por exemplo, são bem diferentes entre si.Ensaio Sobre a Cegueira é uma ambiciosa coprodução internacional de Fernando Meirelles (de Cidade de Deus) a partir da obra do prêmio Nobel José Saramago. Exibida nos principais festivais internacionais, a adaptação, corajosa, sem dúvida, dividiu opiniões, mas levou o próprio Saramago às lágrimas de comoção. Em seguida, vem um grande sucesso de bilheteria: Meu Nome Não é Johnny, de Mauro Lima, com Selton Mello e Cléo Pires contando a história de um traficante de classe média alta do Rio de Janeiro. O ritmo de aventura e um tom de certo glamour carioca amenizam qualquer discussão em torno do tema drogas, mas o filme é fluente e o carisma do protagonista cumpre bem a função de entreter, levar uma questão polêmica à tona, mas sem se aprofundar, ou afundar, em polêmicas.
2 Filhos de Francisco, de Breno Silveira, é um dos maiores recordes da história do cinema brasileiro. Inspirado na vida da dupla sertaneja goiana Zezé Di Camargo & Luciano, a superprodução da Conspiração Filmes conquistou um público além dos fãs da dupla com um melodrama tão bem amarrado quanto edulcorado em torno da origem humilde dos artistas, da perseverança e ressaltando valores como a família. Este tipo de filme, apesar de não ser uma fórmula inovadora, fez escola e tem como representante atualGonzaga – De Pai pra Filho, em cartaz nos cinemas e feito praticamente pela mesma equipe.