Atleta goiana quer divulgar modalidade
Keila Calaça conquistou terceiro lugar em Torneio Internacional de Luta Olímpica. Lutadora busca ampliar esporte em Goiás
A vida é uma luta. E para a atleta goiana de luta olímpica Keila Calaça, 29 anos, a batalha consiste em se manter nesse esporte, e também divulgar a prática da modalidade em Goiás, visto que a lutadora também é Presidente da FGW (Federação Goiana de Wrestling, que significa luta, em inglês), sem contar com quase nenhum apoio, seja ele da iniciativa pública ou privada. Mesmo assim, Keila vem colhendo os frutos de seu esforço. Conquistou no início do mês o terceiro lugar na Copa Brasil Internacional de luta olímpica, na categoria 72KG.
Ano passado, Keila foi vice-campeã na mesma competição, em janeiro terceira colocada no Brasileiro, mantendo-se entre as primeiras do país. No entanto, a goiana ainda não conta com patrocínio. Toda estrutura necessária para seu aperfeiçoamento técnico, inclusive sem técnico de wrestling e sem treino específico, treinando MMA para praticar a luta olímpica. Enquanto isso as demais atletas, em outros países dispõem de toda estrutura física, técnica e orçamentária para seu desenvolvimento.
A competição foi disputada por atletas da Argentina, Canadá, Cazaquistão, Peru, Rússia, Índia, e Honduras e o que se viu inclusive com a atual campeã mundial feminina, integrante da seleção canadense e vários primeiros colocados em mundiais e no ranking mundial. Com as Olimpíadas no Rio 2016, as seleções de outros países aumentarão a cada ano sua participação para conhecer a cidade sede e em busca de intercâmbio, aumentando a cada ano o nível da competição, que vem se consolidando no calendário mundial da modalidade. Neste ano contou com oito países participantes.
Pouco conhecida no Brasil, a luta olímpica foi escolhida por Keila quando esta cursava a faculdade de Educação Física, na UFG (Universidade Federal de Goiás). Atualmente ela mantém um projeto de extensão no curso, onde dá aulas e treina atletas iniciantes: “Nós firmamos um convênio com a faculdade com a intenção de promover o nosso esporte que é ainda pouco conhecido e não tem apoio. Atualmente ainda é muito complicado praticar luta olímpica aqui”, conclui a atleta.
O nome mais popular para a luta olímpica é a de “luta greco-romana”. No entanto, a segunda classificação nada mais é do que um estilo da primeira, e que é disputada apenas no masculino. Portanto uma confusão comum é dizer que houve uma “campeã de luta greco-romana”, cometendo um equívoco muito grande.
Apesar de ser apoiada pelo Pró-atleta, bolsa oferecida pela Agência de Esportes e Lazer (AGEL), Keila afirma que tanto ela, quanto à modalidade em si sofre muito com a carência de recursos: “Eu sou Presidente da federação, mas ela não dispõe de recurso nenhum. Quando fui abrir a nossa federação eu mesma é quem tive que pagar a taxa para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Não temos dinheiro para material e para formação de técnicos. Eu mesma, que sou uma atleta de alto rendimento e de Seleção Brasileira, por exemplo, não tenho técnico, porque não há formação, estrutura e nem dinheiro para contratar alguém de fora. Treino com um profissional de MMA, e quando preciso de um treinamento mais específico, de mais força, eu preciso ir para o Rio de Janeiro ou São Paulo. Quanto ao material, não temos nada aqui. Quando temos recursos encomendamos de fora, mas a minha sapatilha mesmo eu estou com ela há três anos, está toda rasgada”.
No entanto, visando as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, a lutadora e presidente de federação acredita em uma melhora nesse cenário: “Os representantes da AGEL vem me falando que no ano que vem a situação vai melhorar, que vai ter investimento. Eu torço para que isso aconteça, até porque o material humano a gente tem aqui, mas lutar sozinho e conseguir vitórias sem apoio é muito difícil. Em época de olimpíadas muita gente critica os atletas, porque o Brasil não consegue uma colocação entre os primeiros no quadro de medalhas, mas como isso vai acontecer se o atleta não tiver o apoio. Daí seis meses antes das Olimpíadas querem fazer o que os outros países já estão fazendo em 8 anos. Assim fica difícil competir. Quem sabe também a gente possa ter, mais tarde algum apoio também da iniciativa privada”.
Source: Diário da Manhã
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