O sonho de se tornar engenheiro civil parece distante quando contado pelo garçom Neytorres da Silva Antunes, de 21 anos. O rapaz, que concluiu o ensino médio em um colégio estadual de Aparecida de Goiânia em 2011, optou por ficar de fora dos dois últimos processos seletivos da Universidade Federal de Goiás (UFG). “Ainda não me sinto preparado.”
Neytorres trabalha desde muito cedo. Nunca parou. O tempo dedicado aos três anos do ensino médio, por exemplo, foi dividido com o trabalho como garçom. E o salário que o emprego lhe rende, segundo ele, pode ser aproveitado, ainda, para arcar com os custos de uma faculdade particular. “Mesmo que eu me esforçasse muito, não sei se estaria preparado para ser aprovado numa faculdade pública”, lamenta.
Mas Neytorres não desiste. Mira-se no exemplo da irmã, Natália da Silva Antunes, de 25 anos. “Ela - a irmã - estudou a vida inteira em escola pública e foi aprovada para Letras na Universidade Federal de Mato Grosso. Depois disso, foi aprovada também em concurso da Polícia Militar de lá”, conta o jovem. “No meio do ano, talvez eu tente também”, resume.
Trabalho
O atendente comercial Wellington Alves Pereira, de 35 anos, concluiu o ensino médio em 2003 para não correr o risco de perder o emprego, após quatro anos sem estudar. Até então, só tinha o ensino fundamental. Concluída a educação básica, o atendente, no entanto, jamais arriscou ingressar numa universidade. “É muito difícil pensar em dar continuidade nos estudos quando se trabalha o dia inteiro”, justifica.
Mas não deixa de sonhar. Fazer engenharia mecânica é um deles. “Gosto e entendo um pouquinho”, afirma. “Pagar por uma faculdade particular fica inviável, também, para quem tem família, filho. Estas se tornam nossas prioridades.” O futuro do único filho, Diogo, de 4 anos, garante Wellington, será diferente. “Ele terá meu apoio para nunca parar de estudar e, quem sabe, entrar numa universidade pública.”
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