Uma cidade de papelão

ZéCésar inaugura a mostra Viagens, uma quase instalação que revela os traços dos grandes centros urbanos

Sebastião Vilela Abreu 15 de janeiro de 2013 (terça-feira)
Mantovani Fernandes
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Meio que acidentalmente, ZéCésar chegou ao papelão. Quando fazia experiência com matrizes de gravura. A intenção do artista plástico e professor da Faculdade de Artes Visuais da UFG era criar matrizes com mais relevo. Chegou até utilizar a técnica da colagem. Nesse processo, o papelão passou a predominar. “Em 2004, realizei a primeira exposição com papelão”, diz o artista.

Passada quase uma década, ZéCésar volta ao mesmo endereço em que apresentou a novidade: a Potrich Galeria de Arte Contemporânea. E com a mesma técnica. O papelão de sempre. “O diferencial desta mostra é que agora pinto o papelão”, refere-se à individual Viagens, que será aberta hoje a convidados e amanhã à visitação pública. Mas, vale a reafirmação, a primeira que traz o papelão colorido.

A técnica da colagem persiste. “Corto o papelão, pinto, colo e dou forma ao trabalho”, explica. A mostra, que ele calcula que tem algo em torno de 40 peças, é quase uma instalação. “Estão dispostas na parede e no chão”, detalha o processo de montagem.

Visão aérea

O chão entra como suporte de Viagens porque a mostra, em certos pontos, “é como se fosse uma maquete de uma cidade. Ela vista de longe, em uma visão aérea”, diz ZéCésar. Assim como o papelão, os elementos de uma cidade completam as peças recorrentes do atual trabalho do artista.

Ao longo desses anos, o apelo de ZéCésar ao papelão proporcionou o surgimento de obras tridimensionais. Em Viagens, embora algumas peças estejam distribuídas no chão, estão mais próximas de tela. “Utilizo o papelão como se fosse uma metáfora, uma alegoria. O lixo que a cidade joga fora”, orienta-se mais uma vez ZéCésar pela história, ou elementos de uma cidade.

De 2004 para cá, ZéCésar não gosta de dizer que houve uma evolução no seu trabalho. No seu olhar sobre a cidade. “Claro, o domínio técnico do papelão é maior, mas prefiro afirmar que estou mais seguro para experimentar”, convida ele para o público experimentar Viagens.

 

Exposição: Viagens, de ZéCésar
Abertura: Hoje, às 20 horas
Local: Potrich Galeria de Arte Contemporânea, Rua 52, nº 689, Jardim Goiás
Período de visitação:16 de janeiro a 9 de fevereiro (horário comercial)
Mais informações: 3945-0450 e 3945-0451

 

A metrópole utópica

15 de janeiro de 2013 (terça-feira)

Longe de coincidências, ZéCésar está em cartaz na cidade em duas mostras. A da Potrich Galeria de Arte Contemporânea é uma individual. A outra, A Cidade é o Lugar, no Museu de Arte Contemporânea, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, é uma coletiva. Reúne mais 13 artistas.

O ponto de ligação entre as duas mostras é a cidade, atual fixação de ZéCésar, que já perdura por mais de uma década. A transformação do papelão em arte é outro elemento de comunhão.

Se, na Potrich, o papelão de ZéCésar ganhou cores, na outra mostra, que tem curadoria de Divino Sobral, ele dá forma à cidade sem cores. Ela aprece crua, num papel em dobraduras.

Elementos comuns

“Na coletiva do MAC, eu criei a partir do mapa de Goiânia. Na da Potrich, a cidade pode ser Goiânia, como pode ser também qualquer outra metrópole”, explica ele. Retratam elementos comuns de um grande centro urbano. Com seus excessos de problemas e carências, especialmente falta de espaço.

Como artista – e, sobretudo, como cidadão –, ZéCésar tem na mente a sua cidade utópica. “Aquela que tem um transporte urbano coletivo de qualidade e um crescimento ordenado, que respeita seus moradores”, salienta.

Em certos aspectos, essa cidade dos sonhos seria Madri, Espanha, onde ZéCésar morou por alguns anos. “Lá, o sistema de metrô é eficiente. Não há, praticamente, a necessidade do carro”, elogia o artista, que, durante sua permanência em Madri, só usava automóvel para se deslocar para outras cidades.

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Fonte: O Popular

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