As duras caminhadas

Muitos pontos unem a trajetória de André de Leones e Wesley Peres . Ambos foram agraciados com o Prêmio Sesc de Literatura, um dos mais importantes para descobrir novos talentos. Wesley ganhou o de 2006 com Casa Entre Vértebras. André de Leones ganhou o do ano anterior, 2005, com o romance Hoje Está Um Dia Morto.

“Não pensei que tivesse chances de ganhar e relutei em participar”, conta André. “Mostrei o livro Hoje Está Um Dia Morto e não sabia o que fazer com ele. Mostrei ao escritor Aldair Mendes, já falecido. Ele se entusiasmou, pegou os originais, fez as cópias e pediu a um amigo em comum que fizesse a inscrição. Esta, aliás, foi feita na última hora, literalmente.” Tanto para ele quanto para Wesley, vencer o concurso levou os livros premiados ao catálogo da Editora Record, abrindo espaço importante para os dois em uma seara muito competitiva e cujo funil é estreitíssimo.

A partir daí, André publicou mais um título pela Record (Paz na Terra Entre os Monstros) e outros três pela Rocco (Dentes Negros, Como Desaparecer Completamente e este último, Terra de Casas Vazias). Já Wesley estreia Rocco após publicar três volumes de poesia, um pela Editora da UFG (Palimpsestos) e um pelas editoras da USP e Com-Arte (Rio Revoando) e um por ter ganho o Prêmio Cora Coralina (Água Anônima).

A vida de escritor ficou mais fácil para os dois? “Eu vivo do meu consultório de psicanálise. Somos um país de não leitores. Pouquíssima gente vive de literatura no Brasil. O André é um deles porque é muito ousado”, diz Wesley. “Ele colocou a faca entre os dentes e disse: vou viver de literatura no Brasil nem que seja na porrada (risos).”

“Cada autor só descobre o próprio caminho quando se põe a caminhar. Alguns se perdem, outros ficam pela estrada, desistem, voltam atrás, recomeçam”, pondera André.

Source: O Popular