Memórias vivas: Apesar de distância, “Goiânia sempre será minha casa”, diz estudante

A capital cresceu além do esperado. Ergueu-se em meio ao Cerrado. O contraste, sempre presente, entre edificações, natureza, barulhos e, em algumas regiões, o galo que acorda a população. A janela do ônibus consegue revelar os horizontes da cidade grande para os observadores. Péricles Carvalho é goiano de Mineiros. Quando criança, assim como outros amigos, se sentia fascinado com as possibilidades de diversão que a cidade grande oferecia. O Parque Mutirama era um grande conhecido entre as crianças. “Todo mundo queria ir”, conta.

Goiânia tornou-se destino definitivo durante a época de ensino médio. Péricles passou a residir na Fama, o setor que compôs a velha Campininha, e, há 80 anos, está agregado à capital. Das limitações do interior para as novas oportunidades da capital. Foram seis anos de moradia, e nesse período as descobertas foram além do parque de diversões. A criança cresceu, e passou a frequentar a cena cultural de Goiânia. Na música, não curtiu o sertanejo, e, com isso, foi em busca de estilos alternativos. E encontrou sim, e muitos.

Foi um período de descobertas, a iniciar-se pelo chorinho frente ao Grande Hotel. A partir de então veio Martim Cererê, Diablo Pub, Maculelê, além do jazz no Goiânia Ouro. Os eventos ferviam, e a animação o levava, a pé mesmo, a vários destes. Péricles ganhou o mundo, trabalhou na Unicef e, hoje, está empenhado no mestrado em comunicação no País de Gales. Mas, mesmo após passar pelos mais variados países, as lembranças de Goiânia continuam fresquinhas.

Com os amigos, estudou, conheceu o centro da cidade que hoje completa 80 anos, pelo qual se define apaixonado. “O centro de Goiânia é culturalmente muito valioso”, diz. Pela tarde, após os dias de trabalho, e em meio aos barulhos de carros, o Lago das Rosas o conduzia a contemplar o inesquecível. “Nunca vou esquecer aqueles fim de tarde”, lembra Péricles. Os bancos de madeira da Região Central, os parques verdinhos, ou os cafés, sempre ilustravam o happy hour. A cervejinha ou o suco com os amigos, debaixo da mangueira, é lembrado com alegria, apesar de espaços com esses serem desconhecidos por muitos moradores.

As tradicionais feiras da capital faziam parte do roteiro do comunicador no fim de semana. Pastel, garapa ou a pamonha faziam parte deste passeio, aliás, as comidas tradicionais são outro ponto que não se consegue esquecer. “Nunca senti tanta falta de comer uma pamonha”, contou. Entre os pit dogs da cidade, um estabelecimento localizado na Praça Universitária, em especial, faz parte das saudades gastronômicas do jovem, além, claro, do típico arroz com galinha. A conhecida pastelaria da Avenida 84, no Centro, é lembrada por Péricles como um ponto de encontro da galera alternativa. Local do pessoal se encontrar para um “esquenta” antes das festas e shows.

A casa fixa é em Goiânia, lugar de população amigável, onde ainda pode-se pegar açúcar com o vizinho. Lugar onde Péricles, assim como inúmeros Goianos, adquiriu uma identificação cultural. Entre alguns momentos marcantes que o jovem viveu na cidade está o ingresso na Universidade Federal de Goiás (UFG) e, na época, a comemoração com os amigos no Parque Vaca Brava. As amizades conquistadas em Goiânia são sinônimos de alegria, além dos shows, com os amigos, no Martim Cererê. “Aquele lugar lotado e meio claustrofóbico, mas foi um momento muito marcante”, descreveu. Com “três malas e uma caixa de livro”, Péricles segue explorando o mundo, mas com a certeza de que Goiânia é sua casa.

Fuente: jornal O Hoje