“CLT só precisa ser atualizada”

A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) é um marco regulatório muito importante para o País e que precisa sofrer apenas atualizações para acompanhar as mudanças do mundo do trabalho, como as novas tecnologias e modelos de ocupação, e não ser totalmente mudada numa profunda reforma trabalhista. A opinião é do ministro do Trabalho, Manoel Dias, que participou ontem em Goiânia da abertura do 19º Congresso Nacional de Jovens Empreendedores (Conaje), que começou ontem no Centro de Eventos da Universidade Federal de Goiás (UFG). Para o ministro, se o País está quase alcançando o status de pleno emprego, apesar da crise global, é graças ao desempenho dos pequenos negócios, que são responsáveis por quase 93% dos empregos gerados.

Manoel Dias lembrou que a Europa promoveu muitas mudanças em sua legislação trabalhista e agora vive um período de caos, pois os países precisam ter um marco regulatório sólido para o trabalho. “Esse modelo atual que o Brasil adota se tornou um marco regulatório muito importante”, destacou o ministro. Para ele, por ter sido aprovado há 70 anos, quando praticamente não havia recursos tecnológicos como os de hoje, o modelo da CLT precisa ser constantemente atualizado. “Temos várias comissões tripartites, com representação do governo, patrões e empregados discutindo essas atualizações”.

O ministro não acredita que a reforma trabalhista poderia resultar na geração de muito mais empregos no País. Para ele, a discussão em torno da reformulação do Simples já deve ajudar a reduzir o problema do peso dos encargos trabalhistas sobre os pequenos empreendedores, estimulando mais suas ações. Manoel Dias acredita que o País deve fechar o ano com um forte crescimento na geração de empregos por conta do bom desempenho da economia, mesmo com os empregos temporários de fim de ano não aparecendo nas estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Evento busca levar orientação ao jovem empreendedor

O evento é idealizado pela Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje) e realizado pela Associação de Jovens Empreendedores e Empresários de Goiás (AJE Goiás) em parceria com o Sebrae Nacional e Sebrae Goiás. A presidente da AJE Goiás, Cybelle Bretas, disse que Goiás sedia o evento por ter um ecossistema empreendedor forte. Segundo ela, o congresso discute as diversas formas de empreender, mostrando cases inspiradores para os jovens, além de discutir barreiras como a dificuldade de acesso ao conhecimento e ao crédito, além da necessidade de acompanhamento nos primeiros anos de gestão no negócio. Cybelle lembrou que, em Goiás, 24% dos novos negócios são administrados por jovens entre 18 e 24 anos, contra uma média nacional de 20%.

O presidente da Conaje, Rodrigo Paolino, afirma que o evento busca dar orientações e novidades para os jovens que ainda não sabem em que negócios devem atuar. Segundo ele, o empresariado tem uma série de desafios, pois o ambiente regulatório brasileiro não é favorável ao empresariado, com problemas burocráticos, de tributação e uma série de entraves. “Entre os jovens, esses problemas se acentuam, já que a maioria não tem experiência ou a capacitação necessária, além de sofrer alguns preconceitos no início de sua empresa”, destaca.

O secretário de Indústria e Comércio de Goiás, Alexandre Baldy, participou de um painel sobre empreendedorismo público e privado. Segundo ele, o setor público goiano tem feito ferramentas para aprimorar o empreendedorismo na área privada. “O brasileiro é um empreendedor nato e queremos transformar essa aptidão numa prática profissional para que possa entender melhor e aproveitar as oportunidades, como o programa Minha Primeira Empresa”, explicou.

Alexandre Baldy lembrou quer existe o hábito de se dizer que “se o poder público não atrapalha o privado, já está ajudando muito”. Mas se o setor público apoiar e se induzir e empreender cada vez mais o investimento privado, com certeza o País terá um ambiente empreendedor muito mais saudável, competitivo e inovador.