Goiás por outros prismas
A Editora da UFG também está com um livro inédito na praça. O estudo Iconografia Vila-Boense, do arquiteto e urbanista Gustavo Neiva Coelho, será lançado hoje, às 20 horas, na Galeria Beco das Artes, na Rua 4, Setor Oeste. A obra é uma verdadeira viagem no tempo, fruto de um trabalho árduo de pesquisa do autor, que garimpou raridades em arquivos do Brasil e do exterior sobre a história urbanística da cidade de Goiás. A antiga Vila Boa ganha, assim, novos prismas de suas construções e do traçado de suas ruas, assim como um melhor entendimento da posição e do perfil de suas edificações mais antigas. Com isso, os processos de desenvolvimento da cidade que por tanto tempo foi a capital goiana são revelados em dimensões curiosas e valiosas, em especial no período que abrange seus dois primeiros séculos de existência.
Gustavo pesquisou em arquivos do Exército – no Rio de Janeiro e em Brasília –, na Biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo, no Instituto de Pesquisa e Estudos Históricos do Brasil Central, em Goiânia, nos acervos do Arquivo Ultramarino e Bocage, em Lisboa, na Casa de Ínsua, na cidade do Porto (Portugal), e em documentos que estão depositados até mesmo na África do Sul. Desse périplo surgiram surpresas e tesouros. Projetos e plantas raros da cidade colonial que hoje é Patrimônio Cultural da Humanidade mostram seus primórdios em detalhes, com especificações até agora inéditos, que ajudam a compreender melhor seus estilos e as modificações que sofreu ao longo do tempo. Em desenhos mais rústicos ou que se mostram bem elaborados, Goiás é revelada em vários ângulos, com igrejas, casarões, espaços públicos, tendo a Serra Dourada como moldura.
Muitos dos projetos que são mostrados no livro e comentados por Gustavo Neiva são do século 18, como o da Casa de Câmara e Cadeia, atual Museu das Bandeiras, e da residência dos governadores da Província de São Paulo – à qual Goiás pertencia na época – quando estes vinham vistoriar o trabalho nas minas de ouro. A obra fica ainda mais interessante porque o autor faz estudos comparativos com prédios equivalentes em outras localidades também fundadas no ciclo da mineração, como Pilar de Goiás, Mariana e Ouro Preto, em Minas Gerais. Dessa forma, é mais fácil estabelecer o lugar da antiga Vila Boa nesse contexto. Mapas também estão em Iconografia Vila-Boense, como um de 1782, em que aparecem até os uniformes das guardas lotadas na cidade naquela ocasião. O trabalho de Gustavo Neiva chega já como uma referência para estudos na área.
Lançamento do livro: Iconografia Vila-Boense
Autor: Gustavo Neiva Coelho
Data: Hoje, às 20 horas
Local: Galeria Beco das Artes (Rua 4, nº 394, Setor Oeste)