Língua é dificuldade para intercâmbio
Mesmo com o avanço, o Brasil ainda perde oportunidades por falta de domínio do inglês
Lyniker Passos

Estudante de Engenharia, Pedro Felipe, 20, concorre a bolsa de estudos na Irlanda: “Língua estrangeira é a maior dificuldade”, avalia
Fruto do investimento do governo federal e parcerias de universidades com programas de mobilidade internacional que propiciam bolsas de estudo no exterior, a quantidade de alunos estudando em instituições estrangeiras cresceu significativamente. De acordo com relatório da Coordenação de Assuntos Internacionais (CAI) da Universidade Federal de Goiás (UFG), nos últimos dois anos houve um aumento de 69% no número de estudantes contemplados por programas de bolsas em faculdades americanas ou europeias. Já no primeiro semestre deste ano, 252 universitários conseguiram vagas em instituições do exterior.
Mesmo com o avanço, o Brasil perde oportunidades por falta de domínio do inglês. UFG disponibiliza aos alunos 11 programas diferentes de mobilidade internacional. Entre eles está o Ciência sem Fronteiras, programa do governo federal que consiste em uma plataforma de intercâmbio em que se integram várias maneiras de interação entre a comunidade científica nacional e internacional, mediante a concessão de 101 mil bolsas de estudos. Podem participar alunos da graduação e de pós-graduação que estejam em cursos de áreas prioritárias em instituições de ensino superior que aderiram ao programa, e pesquisadores.
Além do bom aproveitamento universitário e ótimo potencial acadêmico, o programa exige também exame de proficiência na língua estrangeira dos pais onde o candidato pretende estudar. Para concorrer à bolsa, o aluno também já deve ter concluído 20% do currículo previsto para seu curso. Estudantes com trabalhos de iniciação científica e premiados em Olimpíadas de Matemática ou Ciências, Feiras Científicas e atividades semelhantes têm preferência. O bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com mínimo de 600 pontos, também será levado em conta na seleção.
Pedro Felipe Gomes Teles, 20 anos, é estudante do curso de engenharia de software na UFG e concorre a uma bolsa de estudos na Irlanda. O universitário apresenta nível de inglês intermediário, mas ainda assim afirma que o idioma, para ele, é a maior preocupação. “A maior dificuldade é a língua estrangeira, com certeza. As universidades exigem alto nível de inglês, tem de ser bem fluente. Mas, em alguns países, na Irlanda, por exemplo, a faculdade oferece curso do idioma por três meses. Esse foi um dos motivos por qual escolhi o país”, afirmou. Pedro, inicialmente, pretendia estudar no Reino Unido, “mas meu nível de inglês não permitia”.
Levantamento coloca País em 38° lugar
Segundo levantamento realizado pela EF Education First, grupo de educação internacional, os brasileiros atingiram 2,8 pontos a mais que em 2007 no Índice de Proficiência em Inglês (EPI), com pontuação de 50,07. Atualmente, o Brasil ocupa o 38º lugar na lista entre 60 países avaliados.
O desenvolvimento econômico do país, a crescente demanda por conhecimentos de língua estrangeira no mercado de trabalho e a expectativa para os grandes eventos internacionais são alguns dos motivos apontados para a melhora. Apesar do índice de universitários estudando fora, os brasileiros não apresentam conhecimento profundo em idiomas. Entre os países do BRIC, composto por Brasil, Rússia, Índia e China – o Brasil foi o que teve o menor crescimento no período. Em relação aos países da América Latina, a Argentina e o Uruguai tiveram melhor classificação.
A pesquisa avaliou as habilidades em língua inglesa com base em dois testes. Um disponível na internet e outro realizado no início do curso de inglês da instituição. A prova exigia conhecimento de gramática, leitura e audição.