Dengue bate recorde de registros na capital
Em 2013, foram mais de 58 mil registros da doença, com 13 mortes. Prefeitura lança plano de ações para prevenir epidemia
Myla Alves
Este ano, o número de casos de dengue bateu recorde em Goiânia. Conforme recente boletim, divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mais de 58 mil casos da doença foram registrados e 13 óbitos confirmados. Ano passado, foram mais de 13 mil notificações da doença e 32 mortes confirmadas. O aumento no número de casos chama a atenção, sobretudo pela alta incidência em alguns bairros da capital.
Na última semana monitorada pela equipe da SMS, foram registrados 208 casos da doença. A maior quantidade de notificações foi registrada no Setor Urias Magalhães, com 12 casos. Em segundo lugar aparece o Setor Jardim América, o maior da capital, com 10 casos da doença. Neste ano, os servidores chegaram a contabilizar 4.737 notificações da doença em apenas uma semana.
Para conter o avanço da doença, foi lançado na manhã de ontem pela Prefeitura de Goiânia o programa Goiânia Contra a Dengue, que tem como objetivo intensificar as ações preventivas contra a doença até março do ano que vem, quando o número de casos começa a cair na capital. Os trabalhos serão realizados em conjunto pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Secretaria Municipal de Obras (Semob) e Secretaria Municipal de Trânsito (SMT).
De acordo com o prefeito Paulo Garcia, o programa quer mobilizar não somente os órgãos da administração pública, mas também a sociedade, já que a responsabilidade por combater a dengue é de todos os cidadãos. O trabalho é preventivo, a fim de evitar que 2014 também sejaum período com altos índices de casos da dengue. “Este ano tivemos uma grande crise de incidência da dengue. Foi o maior registro desde que os casos são catalogados por todos nós. O trabalho contingencial ataca o vetor.”, explicou o prefeito se referindo ao mosquito Aedes Aegypt, transmissor da doença.
O prefeito afirma que o trabalho assistencial, de atendimento direto ao cidadão contaminado pelo vírus, tem sido bem sucedido. Ele destacou a diminuição dos casos de óbito causados pela dengue, apesar do crescimento de notificações. O secretário Municipal de Saúde, Fernando Machado, afirma que as unidades de saúde estão mais bem preparadas para atender o cidadão e que o atendimento tem melhorado a cada dia, por isso o foco desta ação é a prevenção. Mas, segundo o secretário, o atendimento também vai ser reforçado com médicos e enfermeiros. “Estamos nos antecipando para diminuir a questão da transmissão no ano que vem. As curvas epidemiológicas e a população exposta mostram que para o ano de 2014 podemos ter uma grande epidemia, talvez em proporções até maiores do que em 2013.”, informa Machado.
Entre as ações previstas está a criação do “Síndico Dengueiro”, um agente designado por cada secretaria ou órgão público para vistoriar e acompanhar semanalmente as instalações daquele prédio, a fim de evitar a formação de criadouros do mosquito da dengue. “Goiânia tem mais de 50 mil servidores públicos e se todos eles trabalharem em prol de resolver a questão do criadouro do mosquito, nós já vamos ter uma grande massa da sociedade que vai poder movimentar uma ação de prevenção.”, conclui Machado.
Em Goiânia, na última semana monitorada pela equipe da SMS, foram registrados 208 casos da doença. A maior quantidade foi registrada no Setor Urias Magalhães, com 12 notificações. Em segundo lugar aparece o Setor Jardim América, com 10 casos da doença. Neste ano, os servidores chegaram a contabilizar 4.737 notificações da doença em apenas uma semana.
Vírus tipo 5 deixa especialistas surpresos
No mês de outubro, especialistas se reuniram no Congresso InternacionalsobreDengue e Febre HemorrágicadaDengue, na Tailândia. Na ocasião, alguns pesquisadores relataram a caracterização de um vírus isolado durante um surto na Malásia em 2007, o qual se mostrou geneticamente distinto dos outros quatro sorotipos, sendo definido como sorotipo 5 do vírus dengue. Apesar de terem conhecimento sobre o vírus, ainda não se sabe muito sobre ele, inclusive o seu poder de disseminação, informa a professora e pesquisadora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Fabiola Souza Fiaccadori.
A professora explica que também não há como afirmar se esse vírus tem potencial mais grave que os demais. “A maior preocupação é em relação à vacina que já está em fase avançada de avaliação, entretanto direcionada para apenas os quatro sorotipos originais da dengue”, ressalta a professora.
Segundo Fabíola, ao ser infectado pelo vírus, o cidadão torna-se imune para o sorotipo específico infectante, mas podendo ser contaminado pelos demais tipos. Uma segunda infecção por outro sorotipo não significa necessariamente que o cidadão terá uma evolução para um quadro mais grave como a forma hemorrágica da doença. “Tem pessoas que têm dengue várias vezes, mas sempre na forma clássica, como pode acontecer na primeira vez da pessoa ser acometida pela dengue hemorrágica.”, afirma.
Os sorotipos que estão circulando em maior número são o 1 e o 4, de acordo com a professora. O 1 por ser o mais antigo e o 4 por ser o mais recente. “Há um grupo populacional que ainda não foi contaminado por ele como, por exemplo, as crianças por serem mais novas que o vírus.”. Fabíola explica ainda que, com o passar do tempo, os mosquitos (vetores da doença) podem desenvolver mecanismos para aperfeiçoar a capacidade de contaminação ao hospedeiro. O mesmo acontece com o vírus, já no corpo humano, que passa por aquilo que é chamado de evolução viral, a fim de persistir dentro do organismo do hospedeiro. Da mesma forma, o corpo humano também se adapta para escapar do vírus, informa a professora.