Vestibular UFG: mercado à espera de engenheiros

Cidades

Ipea conclui que a falta de qualificação profissional ainda é realidade na área de Engenharia. Com mercado aquecido, curso é o 2º em procura na Federal

sexta-feira, 8 de novembro de 2013 | Por: Alex Vieira

Cristiane Lima

Com expansão da construção civil em Goiás, profissionais melhor qualificados são absorvidos

Com expansão da construção civil em Goiás, profissionais melhor qualificados são absorvidos

Não existe escassez de engenheiros no Brasil, mas falta qualificação profissional, afirma o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O instituto comparou oferta e demanda de profissionais e chegou à conclusão de que não há risco de “apagão” generalizado na área. E, apesar da grande quantidade de profissionais, o mercado ainda não está saturado. E com o mercado aquecido em todo o País, o curso de Engenharia é o segundo mais concorrido no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG). O curso de Engenharia Civil tem média de 70 candidatos por vaga, ficando atrás apenas de Medicina, que tem média de 104 por vaga. O certame está agendado para este final de semana em quatro cidades.

O artigo foi elaborado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O texto indica que, entre as razões para a falta de qualificados, está a qualidade dos engenheiros formados, uma vez que a evolução na quantidade não foi acompanhada pela mesma tendência no quesito qualidade. E os estudiosos alertam que a falta de gargalos, por outro lado, não significa a falta da necessidade de ampliação dos investimentos no ensino de Engenharia, particularmente nas universidades públicas. Para eles, a Engenharia está ligada ao desenvolvimento econômico e à inovação.

O engenheiro Ariston Alves Afonso, coordenador de Educação do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Goiás (Crea-GO), concorda que falta qualificação, mas enfatiza que o mercado goiano ainda não exige muito avanço. “Goiás ainda se destaca apenas na área civil. Não existem outras demandas relevantes para justificar ampliação dos investimentos em outras engenharias. Dessa forma, o profissional deve estar habilitado a atender o mercado, com especializações”. E nessa área o engenheiro avalia que o Estado ainda deixa a desejar. “Não existem cursos de especialidades e os interessados ainda precisam ir a Brasília ou São Paulo para buscar esse conhecimento agregado”.

Ariston acrescenta que o mercado ainda tende a crescer no Estado. Entre os setores mais promissores, na visão do engenheiro, está a Engenharia de Minas, Engenharia de Geologia e Engenharia de Agrimensura. São todos cursos novos, mas que, na visão do coordenador de Educação do Crea-GO, tendem a absorver profissionais pela demanda profissional que vislumbra para o futuro. Sobre os cursos mais tecnológicos, como Engenharia Mecatrônica e outros semelhantes, ele teme pela falta de pontos de trabalho que consigam absorver tantos profissionais, já que Goiás não é referência e não tem grande quantidade de empresas no ramo.

O Brasil, hoje, forma em média 40 mil engenheiros por ano, de acordo com o levantamento. As matrículas nos cursos de engenharia, nos últimos 12 anos, aumentaram quase 400%. E os salários dos formados estão entre os 10 maiores de todos os cursos superiores. Dessa maneira, os estudiosos descartam a possibilidade de apagão no setor nos próximos anos, como se previu no passado. Mesmo assim, o artigo aponta que só haveria risco de apagão de engenheiros se o Brasil crescesse semelhante ao crescimento anual da China até 2020, por exemplo. E o estudo ainda destaca que as engenharias com maiores demandas no País são as ligadas a petróleo e gás e construção civil.

UFG: Medicina e Engenharia concorridas

Cerca de 30 mil candidatos farão prova do vestibular da UFG no domingo, 10. A primeira etapa do processo seletivo será realizada em Goiânia, Catalão, Jataí e Cidade de Goiás. Neste ano, 50% das vagas são reservadas para o Sisu e 50% para o Processo Seletivo. Os portões serão abertos às 12 horas e fechados às 13 horas. Não é permitido entrar com celulares ou outros aparelhos eletrônicos no local de prova. O candidato deve levar caneta esferográfica transparente de tinta preta e documento de identidade com foto.

O curso de Medicina é o mais concorrido, com 104,58 candidatos por vaga. Outros cursos com alta concorrência são Engenharia Civil (70,35), Psicologia (43,22) e Direito matutino (52,03). Este ano são disponibilizadas 3.090 vagas, sendo 1.978 para Goiânia, 511 vagas para Jataí, 496 vagas para Catalão e 105 vagas para a Cidade de Goiás. O restante das vagas será oferecido via Sisu, programa do governo federal que realiza seleção unicamente com a nota do Enem. No total, serão oferecidas 6.180 vagas no Processo Seletivo 2014/1 e no Sisu.

O resultado da primeira etapa do certame da Federal de Goiás será divulgado no dia 18 de novembro. A segunda etapa será nos dias 1º e 2 de dezembro. A Verificação de Habilidades e Conhecimentos Específicos será nos dias 5 e 6 de dezembro.