Vestibular UFG: mercado à espera de engenheiros
Cidades
Ipea conclui que a falta de qualificação profissional ainda é realidade na área de Engenharia. Com mercado aquecido, curso é o 2º em procura na Federal
Cristiane Lima
Não existe escassez de engenheiros no Brasil, mas falta qualificação profissional, afirma o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O instituto comparou oferta e demanda de profissionais e chegou à conclusão de que não há risco de “apagão” generalizado na área. E, apesar da grande quantidade de profissionais, o mercado ainda não está saturado. E com o mercado aquecido em todo o País, o curso de Engenharia é o segundo mais concorrido no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG). O curso de Engenharia Civil tem média de 70 candidatos por vaga, ficando atrás apenas de Medicina, que tem média de 104 por vaga. O certame está agendado para este final de semana em quatro cidades.
O artigo foi elaborado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O texto indica que, entre as razões para a falta de qualificados, está a qualidade dos engenheiros formados, uma vez que a evolução na quantidade não foi acompanhada pela mesma tendência no quesito qualidade. E os estudiosos alertam que a falta de gargalos, por outro lado, não significa a falta da necessidade de ampliação dos investimentos no ensino de Engenharia, particularmente nas universidades públicas. Para eles, a Engenharia está ligada ao desenvolvimento econômico e à inovação.
O engenheiro Ariston Alves Afonso, coordenador de Educação do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Goiás (Crea-GO), concorda que falta qualificação, mas enfatiza que o mercado goiano ainda não exige muito avanço. “Goiás ainda se destaca apenas na área civil. Não existem outras demandas relevantes para justificar ampliação dos investimentos em outras engenharias. Dessa forma, o profissional deve estar habilitado a atender o mercado, com especializações”. E nessa área o engenheiro avalia que o Estado ainda deixa a desejar. “Não existem cursos de especialidades e os interessados ainda precisam ir a Brasília ou São Paulo para buscar esse conhecimento agregado”.
Ariston acrescenta que o mercado ainda tende a crescer no Estado. Entre os setores mais promissores, na visão do engenheiro, está a Engenharia de Minas, Engenharia de Geologia e Engenharia de Agrimensura. São todos cursos novos, mas que, na visão do coordenador de Educação do Crea-GO, tendem a absorver profissionais pela demanda profissional que vislumbra para o futuro. Sobre os cursos mais tecnológicos, como Engenharia Mecatrônica e outros semelhantes, ele teme pela falta de pontos de trabalho que consigam absorver tantos profissionais, já que Goiás não é referência e não tem grande quantidade de empresas no ramo.
O Brasil, hoje, forma em média 40 mil engenheiros por ano, de acordo com o levantamento. As matrículas nos cursos de engenharia, nos últimos 12 anos, aumentaram quase 400%. E os salários dos formados estão entre os 10 maiores de todos os cursos superiores. Dessa maneira, os estudiosos descartam a possibilidade de apagão no setor nos próximos anos, como se previu no passado. Mesmo assim, o artigo aponta que só haveria risco de apagão de engenheiros se o Brasil crescesse semelhante ao crescimento anual da China até 2020, por exemplo. E o estudo ainda destaca que as engenharias com maiores demandas no País são as ligadas a petróleo e gás e construção civil.
UFG: Medicina e Engenharia concorridas
Cerca de 30 mil candidatos farão prova do vestibular da UFG no domingo, 10. A primeira etapa do processo seletivo será realizada em Goiânia, Catalão, Jataí e Cidade de Goiás. Neste ano, 50% das vagas são reservadas para o Sisu e 50% para o Processo Seletivo. Os portões serão abertos às 12 horas e fechados às 13 horas. Não é permitido entrar com celulares ou outros aparelhos eletrônicos no local de prova. O candidato deve levar caneta esferográfica transparente de tinta preta e documento de identidade com foto.
O curso de Medicina é o mais concorrido, com 104,58 candidatos por vaga. Outros cursos com alta concorrência são Engenharia Civil (70,35), Psicologia (43,22) e Direito matutino (52,03). Este ano são disponibilizadas 3.090 vagas, sendo 1.978 para Goiânia, 511 vagas para Jataí, 496 vagas para Catalão e 105 vagas para a Cidade de Goiás. O restante das vagas será oferecido via Sisu, programa do governo federal que realiza seleção unicamente com a nota do Enem. No total, serão oferecidas 6.180 vagas no Processo Seletivo 2014/1 e no Sisu.
O resultado da primeira etapa do certame da Federal de Goiás será divulgado no dia 18 de novembro. A segunda etapa será nos dias 1º e 2 de dezembro. A Verificação de Habilidades e Conhecimentos Específicos será nos dias 5 e 6 de dezembro.