O aumento de 13,9% no déficit habitacional em Goiás nos últimos cinco anos contrasta com os dados de programas de financiamento de casa própria executados no Estado. O Minha Casa, Minha Vida (MCMV), por exemplo, já contratou cerca de 122,4 mil unidades habitacionais – 29,6 mil somente para a faixa 1, que atinge justamente a parcela mais afetada pela falta de moradia (a de baixa renda).
Foram R$ 4,2 bilhões de financiamentos apenas em 2012. Na primeira fase do programa, de 2009 a 2010, o Estado teve o segundo maior desempenho do País. Entretanto, conforme a economista Elcilene Borges, doutoranda pela Universidade Federal de Goiás (UFG), os números avaliados pelo Ipea não têm o impacto do MCMV. Ela explica que, embora sejam de 2007 a 2012, eles foram reponderados a partir do Censo de 2010. “O MCMV foi lançado em 2009, ou seja, não impactou em nada nesse resultado do défict.”
Para o presidente da Agência Goiana de Habitação, Marcos Abrão Roriz, mesmo com os altos números de contratações no programa, é preciso rever alguns parâmetros estabelecidos pelo governo federal para destinação do dinheiro da habitação. Como a União destina mais recursos às cidades acima de 50 mil habitantes, o aporte, segundo ele, não é uniforme e não leva em consideração as realidades regionais apontadas pelos Planos Municipais de Habitação de Interesse Social – constituídos por exigência do Ministério das Cidades.
Roriz ressalta que o enfrentamento do deficit deve ser feito a partir de parcerias, entre governo federal, estadual, entidades e municípios. A pesquisadora Elcilene Borges também reforça a necessidade de priorizar o planejamento dos recursos federais para regiões mais dinâmicas com fluxo migratório, como é o caso de Goiás.
Aluguel
No período pesquisado, de 2007 a 2012, houve um aumento do ônus excessivo do aluguel. Isso significa que cresceu a quantidade de famílias que gastam 30% ou mais da renda com o pagamento de aluguel. Em Goiás, esse era um problema para 94,5 mil famílias em 2012, 65% mais do que em 2007.