Projeto começa a criar forma

Grupo faz diagnóstico dos área envolvida e minuta da Lei deve ser apresentada à sociedade neste semestre

Vandré Abreu 09 de fevereiro de 2014 (domingo)

 

As diretrizes do projeto da Operação Urbana Consorciada do Jardim Botânico (OUC Jardim Botânico) e a minuta do projeto de lei a ser encaminhado para a Câmara Municipal devem ser finalizadas ainda neste semestre. A Unidade de Coordenação da Execução de Projetos de Intervenções Urbanas (Uepiu) ainda trabalha no diagnóstico da região delimitada e a estimativa é que este serviço, que vem sendo feito junto com a proposição de intervenções nas áreas, dure até maio.

Embora os 12 técnicos da Uepiu, coordenados por Ronaldo Vieira, ainda estejam na primeira etapa do projeto, algumas definições já foram estabelecidas e outras propostas começam a surgir. A área delimitada para a atuação da OUC Jardim Botânico foi definida após diversas modificações desde o primeiro estudo, em agosto do ano passado (ver mapa). A dificuldade em definir a área se dá pela localização, em sua parte norte. A parte sul foi definida por se tratar de um limite com Aparecida de Goiânia, e a parte leste foi estabelecida seguindo o traçado da BR-153.

A principal premissa do projeto é modificar o Jardim Botânico para que ele se torne padrão classe A. Hoje o parque é definido como classe C. Os técnicos não negam que a região possa vir a ser adensada, mas excluem o Jardim Botânico desta possibilidade, contestando a versão de que o parque seria destruído. “É uma região já adensável, mas não atrativa ao mercado. O que faremos é estabelecer as regras para as construções, de modo que não degrade o parque e a nascente do Córrego Botafogo”, afirma o coordenador. O estudo de adensamento da região foi deixado para a última parte desta etapa.

Assim mesmo, os técnicos já estabeleceram que o projeto não vai contemplar o adensamento do Setor Vila Redenção, na parte sudeste do Jardim Botânico. A explicação é que se trata de um bairro residencial, com características próprias de uma vila e a ideia é dar um ar bucólico ao setor, em que os moradores possam transitar sem o uso do automóvel. A Uepiu também não pretende modificar o traçado das ruas e quadras, o que será alterado apenas com a retirada das famílias em áreas invadidas.

O trabalho dos técnicos vai buscar inserir o projeto de prolongamento da Marginal Botafogo na OUC Jardim Botânico, criando um sistema de mobilidade que desafogue o trânsito nos setores, especialmente na região do Pedro Ludovico. A proposta é acabar com os congestionamentos do final da Avenida T-63, e desde a Avenida 136 até as saídas da BR-153, na altura do Setor Santo Antônio. A parte de mobilidade também vai integrar a região com o projeto do Bus Rapid Transit (BRT), que passará na área escolhida pelos técnicos até o Terminal Isidória e segue pela região sudoeste, até a Avenida Rio Verde, em Aparecida de Goiânia.

Há também um estudo para verificar qual a melhor maneira de modificar a Avenida 3ª Radial, que corta as duas áreas do Jardim Botânico. Já está definido que haverá uma ligação entre essas duas áreas, mas não se sabe como ela ocorrerá. A intenção é que, neste ponto, o projeto tenha a mesma filosofia usada no Parque Botafogo, com ligação ao Parque Mutirama. Mas a solução não deverá ser a construção de um túnel, até em função dos inúmeros problemas gerados com a obra no Túnel da Araguaia, que une os dois parques.

Segundo o coordenador da Uepiu, o projeto busca requalificar a região, que por muitos anos ficou esquecida pelo Poder Público. “Estamos estudando toda a história dos bairros, do Jardim Botânico e visitando todas as ruas para estabelecer quais as propostas para melhoria da região em todos os aspectos.” Nesta fase, o grupo pediu aos órgãos públicos estaduais e municipais todas informações sobre a região, como distribuição de energia, água e esgoto, trânsito e transporte coletivo.

Influência

Ronaldo Vieira afirma que o trabalho em relação à OUC Jardim Botânico tem sido “puramente técnico” e, até então, não sofreu influência ou pedidos nem da Prefeitura e nem de empresários do setor imobiliário. Vieira diz que a única cobrança que recebe é pela finalização do projeto. O setor imobiliário tem participação efetiva no projeto, já que o Instituto Cidade, entidade que firmou cooperação técnica com a Prefeitura para a OUC Jardim Botânico, é um braço da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO).

Vieira explica que todo o projeto tem sido encabeçado e realizado pelos técnicos da Prefeitura que compõem a Uepiu. O trabalho do Instituto Cidade, segundo ele, é de apoio técnico. Gestor do Instituto, Marcel Canedo afirma que o serviço da entidade é receber as demandas do grupo e realizá-las de forma eficiente. “O trabalho é feito de forma mais rápida assim já que o poder público municipal sozinho teria de enfrentar a burocracia e ausência de recursos.”

Canedo diz que a escolha do instituto pela Prefeitura para a cooperação técnica (sem envolvimento de valores) é pela menor burocracia em relação a uma instituição pública, como universidades, e de fiscalização, como de conselhos federais. “O projeto vai ser aberto para todo mundo opinar e discutir assim que as diretrizes forem traçadas, mas ainda não temos nada para apresentar à sociedade.” O coordenador da Uepiu conta que se reuniu com a Universidade Federal de Goiás (UFG) duas vezes e ouviu críticas e o pedido para levar um projeto já consolidado.

Fonte: O Popular