Como andam as (pré) campanhas nas Redes Sociais

A poucos meses de começar, de fato, a época de campanhas políticas, a maioria dos pré-candidatos ao governo ainda patinam no que diz respeito a mídias digitais, apesar de tentarem se empenhar no assunto. Todos eles têm perfis online, mas nem todos têm uma equipe totalmente definida e participativa nas redes, o que faz toda a diferença.

É inegável que as redes sociais terão peso nas eleições de 2014. De acordo com Goiamérico Felício dos Santos, professor da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), eles ainda não sabem como usar as ferramentas da maneira adequada (veja entrevista). Para ele, as redes sociais serão complementares nas campanhas e deverão ser usadas em conjunto com os veículos de massa. O professor, no entanto, deixa claro que, sem algum tipo de comunicação virtual, dificilmente um candidato obterá êxito nas eleições de outubro.

No ano passado, a Tribuna conversou alguns marketólogos a respeito da integração entre os políticos e as redes sociais. Eles afirmaram, à época, que o meio virtual poderá ser decisivo nas urnas, porém que as lideranças ainda não utilizavam as ferramentas da maneira adequada.

O quadro mudou. Nota-se engajamento por parte deles em manter um relacionamento saudável com as redes sociais, sempre as atualizando e tentando criar uma espécie de ponte com o eleitorado. Embora alguns deles ainda necessitem de uma equipe mais especializada no assunto.

As redes sociais transformaram a comunicação nos últimos anos. Este meio virtual aproxima seus interlocutores, equiparando as plataformas, e excluindo, tecnicamente, burocracias ou barreiras num diálogo entre as lideranças e os populares. O meio político está aprendendo – aos poucos – a aproveitar-se desta ferramenta de comunicação. 

De uns tempos pra cá, eles têm tentado acompanhar a população, que está se digitalizando cada vez mais. Na pesquisa feita pela Tribuna do Planalto/Grupom em Goiânia, por exemplo, apontou que 60% dos goianienses acessam internet em suas casas. Destes, 80% acessam redes sociais.

A pesquisa ainda mostrou que quase 76% dos entrevistados conectados têm uma conta no Facebook. Devido à sua importância, a rede social é a que mais trabalhada pelos governadoriáveis. Eles também não descartam suas outras opções, como Twitter, Instagram, YouTube, Flickr, Tumblr e até mesmo o esquecido Google+.

Isso tem feito as lideranças terem um leque ainda maior para propagar suas ideias. Hoje, todos os pré-candidatos ao governo de Goiás, e até mesmo aqueles que ainda não dizem sê-lo, já possuem contas em pelo menos uma rede social. Algumas, inclusive, foram criadas recentemente, nos últimos meses de 2013, ou no começo de 2014.

 

Diferentes perfis

O atual governador, Mar­coni Perillo (PSDB), tem feito esse trabalho já há bastante tempo. A equipe do tucano alimenta, ao todo, sete contas: duas no Facebook, duas no Twitter, duas no Instagram e uma no Youtube. Ele ainda tem perfis no Flickr - que é bem atualizado - e no Tumblr - um pouco abandonado - sites voltados para o compartilhamento de fotos, e um no obsoleto Orkut, antecessor do Facebook.

Marconi tem, na verdade, dois tipos de conta, as quais utiliza muito bem, levando em conta que o princípio é aproximá-lo do eleitorado e, ao mesmo tempo, informar a população. São elas: Marconi Perillo e Marconi Equipe. Aqueles perfis que levam o nome completo do governador são administrados por ele mesmo e mostram seu lado mais pessoal e político, um pouco mais desvinculado do título de Governador de Goiás. Por outro lado, o outro tipo de perfil já tem caráter mais institucional e mostra o que o governador tem feito em suas andanças, suas obras, realizações, programas e projetos.

Marconi Perillo e Marconi Equipe, virtualmente, são diferentes, apesar de muitas vezes acabarem se cruzando. Por exemplo, em seu perfil mais pessoal, o governador fala de suas obras, mas com um tom mais emocionado. Uma publicação datada de 5 de março começa da seguinte maneira: “Uma das minhas maiores alegrias é ver, junto com Valéria, a consolidação do CRER”. Em seguida, o texto começa a descrever a parte política do complexo.

Não muito longe, ainda na linha do tempo pessoal do tucano, vê-se fotos de sua filha, de sua esposa e da comemoração de seu aniversário, que aconteceu no último dia 7. Na conta Marconi Equipe, isso não acontece. Atualizada por uma equipe de profissionais de comunicação, o perfil é mais voltado para atualizar o internauta da agenda do peessedebista em tempo real e de ações de sua administração ou de seus secretários.

 

Mesmo perfil

O pré-candidato Antônio Gomide (PT) mistura pessoal e institucional em apenas uma conta. O petista possui apenas um perfil em cada rede social, os quais, até pouco tempo, eram estritamente voltados à sua gestão enquanto prefeito de Anápolis. Desde que se assumiu governadoriável, o modo como conduzir as redes tem mudado um pouco. Agora, assim como Marconi, ele exibe um pouco mais suas obras, além de diversos encontros com lideranças de todo o Estado e repercussão de pesquisas, bem como opinião a respeito da atual administração de Goiás. Também vê-se um pouco mais do lado humano do petista.

O Instagram, rede em que Gomide ainda é calouro, parece ser uma extensão do Facebook. Enquanto isso, o Twitter do petista se empenha para narrar, em tempo real, o que ele tem feito. Há diversas aspas de seus discursos, além de alguns registros em fotos. O perfil foi criado em setembro do ano passado e estava um pouco devagar, acelerando agora que a agenda do petista também se acelerou.

Quem também usa o mesmo perfil para temas políticos e pessoais é Júnior Friboi (PMDB). De todos os pré-candidatos, ele é o que tem o maior número de adeptos no Facebook, somando 52.340 curtidas em sua página. Assim como o governador, ele também investe pesado no meio online e percebe-se que há uma equipe especializada para isso. “Sempre postamos usando a primeira pessoa do plural, para que os internautas saibam que quem toma conta do perfil é uma equipe”, explica Fernanda Scavacini, da agência Digital Group, responsável pelas redes do peemedebista.

Tecnicamente, Friboi é um veterano no Facebook, já que a criação da página data de 2011, mas ele só começou a usar efetivamente sua página em junho de 2013, quando se filiou ao PMDB. E o trabalho assessorado começou de verdade em setembro do mesmo ano. Nos perfis de Friboi, pouco se vê opinião sobre a atual administração de Goiás ou sobre assuntos políticos. “Lá, trabalhamos com duas editorias de conteúdo: agenda do candidato e fatos que achamos interessantes para a população”, afirma. Segundo Fernanda, essas postagens fora do mundo político são mais voltadas para datas comemorativas, ou fatos culturais que contemplem o estado ou o país.

Nas outras redes ele ainda é novato. Seu Twitter, criado em novembro do ano passado, traz sua agenda, postagens especiais para datas comemorativas e repercussão de pesquisas. “É o mesmo conteúdo, mas adequando-se à linguagem da plataforma”, destaca. Além disso, ela reconhece que o próprio público do Twitter é diferente do de qualquer outra rede. De acordo com Sca­vacini, a rede social é uma espécie de “termômetro negativo”. “Se for para alguém falar mal de algo, fala primeiro no Twitter”, garante.

Já a conta do governadoriável no Instagram é quase estritamente pessoal, segundo Fernanda. Ela conta que o grupo auxilia a alimentar a rede social de fotos, mas quem o faz de perto é o próprio empresário. O perfil mostra fotos de Friboi nos mais variados momentos, desde encontros com lideranças a férias da praia. A intenção seria a mesma que a de Marconi, mostrar que, por trás do pré-candidato do PMDB e do empresário, há o ser humano Júnior Batista.

Seguindo a mesma lógica para administrar suas redes sociais, o pré-candidato Vanderlan Cardoso, que tinha dois perfis, decidiu ficar com apenas um. A equipe por trás das redes do pessebista investe pesado na conta já existente. Eles fazem a cobertura jornalística das ações de Vanderlan, como visitas ao interior, encontros com lideranças, além da opinião dele em relação a vários assuntos que permeiam o governo.

A principal rede social é o Facebook, por ter o maior número de adeptos, de acordo com Janaína Rocha, da Agência Livecom, uma das mentes por trás dos perfis. Segundo ela, eles também utilizam bastante o Twitter e começaram a engatinhar no Instagram e no YouTube. Este último receberá uma equipe de vídeo própria. “Cada site tem sua peculiaridade e tentamos explorar ao máximo o que cada um tem a nos oferecer”, destaca.

Com o Instagram, eles tentam resgatar um pouco mais do lado humano de Vanderlan, sem se esquecer dos propósitos políticos, assim como os perfis de Marconi. Há fotos dele almoçando com seu eleitorado, se encontrando com lideranças e uma bem peculiar, cortando o cabelo. A legenda explica que o barbeiro é um conhecido do pré-candidato no município de Anápolis. “Agradável recepção do amigo (Chico, o cabeleireiro), que nos ajudou em 2010 a conquistar mais de 20 mil votos em Anápolis”, lê-se.

 

Números atualizados até o fechamento desta edição

 

Iris Rezende (PMDB)

* Facebook “Iris Rezende”:

Entrou em Agosto de 2011

2.823 curtidas

* Facebook “Iris Rezende Grupo”:

Entrou em Fevereiro de 2014

6.578 curtidas

* Twitter @_IrisRezende:

Entrou em Fevereiro de 2014

305 seguidores

* Twitter @IrisRezende_GO:

Entrou em Fevereiro de 2014

1.599 seguidores

* Instagram @irisrezendego:

Entrou em Fevereiro de 2014

63 seguidores

 

Vanderlan Cardoso (PSB)

* Facebook “Vanderlan Cardoso”:

Entrou em Setembro de 2013

20.700 curtidas

* Twitter @Vanderlan40:

Entrou em Julho de 2012

3.267 seguidores   

* Twitter @EquipeVanderlan:

Entrou em Março 2014

138 seguidores

* Instagram @VanderlanCardoso40:

Entrou em Janeiro 2014

629 seguidores

* Instagram @EquipeVanderlanCardoso40:

Entrou em Março 2014

145 seguidores

 

Marconi Perillo (PSDB)

* Facebook “Marconi Perillo”:

Entrou em Agosto de 2011

39.349 curtidas

* Facebook “Marconi Equipe”:

Entrou em Março 2012

4.756 curtidas

* Twitter @MarconiPerillo:

Entrou em Abril de 2009

37.800 seguidores

* Twitter @Marconi_Equipe:

Entrou em Março de 2011

4.223 seguidores

* Instagram @MarconiPerillo:

Entrou em Novembro de 2013

1.321 seguidores

* Instagram @Marconi_Equipe:

Entrou em Agosto de 2012

3.372 seguidores

* YouTube Marconi Perillo:

Entrou em Abril de 2009

506.211 visualizações

387 inscritos

 

Júnior Friboi (PMDB)

* Facebook “Júnior Friboi”:

Entrou em Outubro de 2011

52.581 curtidas

* Twitter @Junior_Friboi:

Entrou em Novembro de 2013

581 seguidores

* Instagram @JuniorFriboi:

Entrou em Setembro de 2013

1.219 seguidores

* YouTube Júnior Friboi:

Entrou em Fevereiro de 2012

9.880 visualizações

22 inscritos

 

Antônio Gomide (PT)

* Facebook “Antônio Gomide”:

Entrou em Julho de 2012

5.183 curtidas

* Twitter @GomidePT:

Entrou em Setembro de 2013

498 seguidores

* Instagram @AntônioGomide:

Entrou em Março de 2014

101 seguidores

 

Iris Rezende ainda engatinha nas redes sociais

Apesar de ser um dos políticos mais experientes do Estado, com 80 anos de vida e 55 de vida pública, o ex-governador Iris Rezende (PMDB) é o mais jovem dos especulados a ir às urnas em outubro, quando o assunto é redes sociais. E também é o que tem menos seguidores. No Twitter, as contas Iris Rezende e Iris Rezende Grupo datam de Fevereiro de 2014, assim como o Instagram do peemedebista. No Facebook, ele tem duas páginas, assim como faz o governador Marconi Perillo (PSDB): Iris Rezende e Grupo Iris Rezende.

Todas as redes sociais do ex-governador são alimentadas por militantes voluntários do partido, segundo Pablo Rezende, uma das mentes por trás das páginas do peemedebista. “Mas Iris acompanha de perto tudo o que postamos”, pontua. A militância do PMDB tem repercutido, através dos perfis, frases, algumas pesquisas e, principalmente visitas a lideranças.

Este tópico ainda é o mais trabalhado pelo peemedebista no meio online, talvez por não afirmar claramente que é, de fato, um pré-candidato. De acordo com Pablo, o desejo de amplificar o uso das redes sociais veio do próprio Iris. “Ele tem juventude e renovação, por isso quis dar atenção especial a este novo meio”, afirma.

 

Encontros

“Muita gente acha que é o próprio Iris”, conta Pablo. Segundo ele, são muitos aqueles que utilizam as redes sociais do ex-governador para mandar algum tipo de recado. A maioria deles, de acordo com o militante, são agradecimentos. A partir disso, as pessoas que cuidam das páginas conversam com o peemedebista, que tenta marcar um horário com os internautas para agradecê-los pessoalmente. “As redes têm sido muito úteis para isso”, alega Pablo. Alguns desses encontros também são registrados e postados nos perfis de Iris.

 

Lei Digital: proibições na web

 

Apesar de a internet ser um meio relativamente livre, não escapa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem leis específicas para este novo meio de comunicação. De acordo com Rafael Maciel, coordenador do MBA de Direito Digital do Instituto de Pós-Graduação de Goiânia (Ipog) e vice-presidente da comissão de Direito Digital da OAB-GO, propagandas eleitorais, pedir voto e manifestar-se que é, de fato, candidato - e não um pré-candidato -, nas redes sociais, pode levar a multa. “Isso tudo está proibido até 6 de julho”, salienta. Até lá, os pré-candidatos podem continuar com o que têm feito. Isto é, divulgar suas agendas, discutir números de pesquisas e manifestar-se sobre assuntos do Estado.

No entanto, mesmo depois dessa data, algumas propagandas ainda são restritas. “Links patrocinados, por exemplo, são proibidos”, explica o advogado. E, segundo ele, mensagens do tipo spam – aquelas enviadas em massa, com fins publicitários –, que se assemelham a links patrocinados, não são proibidas a priori. O corpo dessas mensagens, no entanto, deve conter a opção de o usuário cancelá-las. E elas devem parar de chegar em até 48 horas. “Caso contrário, o candidato será multado”, explica.

 

Fakes

Perfis falsos também po­dem gerar dor de cabeça nas lideranças. “Alguém pode se passar pelo candidato e violar o prevê a lei”, alerta. Segundo ele, o ideal é informar ao TSE todos os perfis que serão usados pelo candidato. Assim, eles terão maior controle sobre quem é quem na internet.

Isso também evita que episódios como o que aconteceu recentemente com Vanderlan Cardoso (PSB). Ele deu destaque e compartilhou, em seu perfil no Facebook, uma frase supostamente dita pela ex-senadora Marina Silva (PSB), no Instagram. O comentário dizia que o ex-prefeito de Senador Canedo era um “administrador probo” e um “expoente” da política goiana.

Tratava-se, no entanto, de um perfil fake, ou seja, falso. Por meio de nota, a Rede Sustentabilidade, projeto da socialista, explicou a história. Vanderlan viu-se obrigado a apagar a publicação.

Fuente: Tribuna do Planalto