Câncer em cães: quais são os sinais e como prevenir a doença ?
03 de Julho de 2014 O Hoje
A vendedora externa Janaína Selva de Alcântara (39), é dona de Paty (7), Bebel (7) e Lipe (11) – três cãezinhos da raça poodle. Bebel precisa de cuidados por conta do sobrepeso. Lipe também não dispensa atenção, pois é cardíaco. Mas foi Paty quem deu o maior susto em Janaína. Ela achou nódulos, nas mamas da cadelinha, aos 2 anos e meio de idade. “Encontrei oito carocinhos nela, e corri para a especialista. Como eram muito pequenos, não era o momento de tirá-los (e não havia como fazer punção, pois ela era muito pequena). Uma cirurgia, naquele momento, não era o ideal. Mas recebi a orientação para que continuasse a observar se eles iriam crescer”, conta a vendedora.
Após dois anos e meio, Janaína percebeu que aqueles carocinhos haviam evoluído pouco, mas, como decidiu fazer a castração de Paty, pediu à especialista para que fosse feita a cirurgia também de retirada dos nódulos. “Eu quis aproveitar a anestesia e realizar as duas coisas ao mesmo tempo”, explica. Os caroços foram retirados e enviados para biopsia. “O resultados foram tumores malignos. A oncologista fez nove sessões de quimioterapia. Fizemos acompanhamento a cada três meses e, depois, anualmente. Os nódulos não evoluíram, e nunca mais voltaram!”, celebra.
Hoje, Paty está curada e, Janaína, aliviada. “Graças a Deus, descobri a doença no início, pois, desta forma, ela não se espalhou, e teve cura!”, comemora a administradora de empresas, que, depois do susto, alerta os tutores: “Quando as pessoas perceberem, no pet, qualquer sinal relacionado a nódulo (de qualquer tamanho), é importante que seja feita avaliação com um especialista, o mais rápido possível, pois, assim, pode ser que a doença tenha cura. Já vi muitos casos em que pessoas acordaram tarde demais!”.
De acordo com Vilma Ferreira de Oliveira, médica veterinária oncologista clínica da Universidade Federal de Goiás (UFG), só em 2013, 52% dos atendimentos a cães, no hospital veterinário da UFG, eram casos confirmados de câncer. De acordo com a especialista, em uma única cadela (que tem dez mamas), por exemplo, podem existir cinco tipos de cânceres de mama. Confira mais informações sobre o assunto na entrevista feita pelo O HOJE.
Entrevista Vilma Ferreira de Oliveira
Quais são os tipos de câncer mais comuns em cães? A doença é mais frequente em fêmeas ou em machos?
No Brasil e na nossa Região Metropoloitana de Goiânia, os tipos mais comuns de câncer são: as neoplasias mamárias em cadelas; os linfomas; o mastocitoma; o TVT (tumor venério transmissível); o hemangiossarcoma (câncer de parede de vasos, de veias) e o carcinoma de célula escamosa (câncer de pele). A prevalência da doença é em fêmeas quanto às neoplasias mamárias. Quanto às outras, não há preferência sexual.
Quais são as fases do tratamento do câncer nos cachorros? Como é realizado o tratamento?
Primeiro é preciso que o animal tenha passado por exame clínico detalhado, seguido de diagnóstico laboratorial, para compor o estágio clínico da doença e estabelecer o tratamento, que pode ser cirúrgico, somente, ou quimioterapia adjuvante (essa ocorre após a cirurgia, quando há uma predisposição histológica de metástase); quimioterapia isolada; quimioterapia neoadjuvante (para reduzir o tamanho do tumor e facilitar a cirurgia); e paliativa (para prolongar a vida).
Quais são as principais causas da doença?
As causas ainda não estão completamente estabelecidas
Fêmeas que tiveram filhotes durante a vida têm menos chance de desenvolver câncer?
Não se observou nenhuma diferença entre nulíparas e multíparas nesse consultório.
Há uma idade propícia para o aparecimento do câncer? O risco de desenvolver a doença tem algo a ver com idade, ou há cães filhotes que podem desenvolvê-la?
A prevalência maior nas neoplasias mamárias está nas cadelas com idade entre 6 e 8 anos. Para os outros tipos de neoplasias não se observou uma idade mais prevalente. Em filhotes, é mais raro, e, quando aparecem, são mais agressivos.
Há alguma raça que tenha mais frequência de câncer?
Para as neoplasias cutâneas, em nossa região, a ocorrência maior está em bull terriers, boxers e dashunds. Nas neoplasias mamárias, esse consultório verificou uma prevalência maior nas cadelas da raça poodle, antecedidas dos animais sem raça definida (SRD).
Quais são os sinais de um câncer?
Câncer é multifatorial e, por isso, se confunde com várias doenças. O mais importante, ao menor sinal de alteração do pet, é o proprietário procurar um profissional (veterinário) de confiança. Nódulos (caroços), não são normais, e não devem ser ignorados. A maioria das neoplasias, excetuando as de origem cavitárias, começa com um nódulo, na maioria das vezes, ignorado.
Como a doença é diagnosticada?
O diagnóstico deve ser clínico, laboratorial, de imagem (raios X, US, TC) citológico, sempre, e histopatológico para compor o estadiamento (estágios) da doença.
Há formas de se prevenir o câncer em cães?
Sim. Da mesma forma que fazemos prevenção de câncer, os cães (e os gatos) devem também fazer exames periódicos; as raças predispostas, mais ainda. É importante procurar o médico veterinário que, com certeza, irá indicar o profissional especializado em oncologia veterinária. E repito: os tutores devem ficar atentos a qualquer nódulo que apareça em seus cães, pois, o quanto antes forem detectados, maior é a chance de a doença ser exterminada.
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