Arte que contesta

Rôber Cortez, um dos artistas dessa semana, conta em entrevista que não tem um cor definida em seus trabalhos e que muitos de seus quadros são uma forma de protesto contra a sociedade atua

17 de agosto de 2014

Uma tendência em que pintar significa denúncia e reflexão para o arista plástico Rôber Cortez. Telas que estimulam o espectador a pensar nos descasos que assolam o mundo. Suas obras não se destacam por serem decorativas, e sim por terem uma identidade contestadora e estimulante.

A arte sempre esteve presente na minha família, assim ficou fácil, nasci bebendo na fonte arte pura. Minha família sempre apoiou e isso fez com que no primário já me despontasse com os desenhos, nos trabalhos em grupos sempre sobrava para mim a parte das ilustrações, tive sempre as melhores notas em educação artística (risos)”, lembra Rôber ao falar da infância.

O artista começou a trabalhar muito cedo (13 anos), ganhando dinheiro fazendo cartazes em cartolinas A2 para informar as chamadas das festas do clube da Associação dos Funcionários da Caixego. “Fazia o cartaz sempre acompanhado com um ilustração e o presidente da Associação sempre me pagava pelos prestes de artista. Em 1982 passei no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto de Artes, e tive a sorte de ser aluno de grandes artista como Neusa Moraes, Cleber Goveia, Yêda Shimaltz, Maria Guilhermina, Ângelo Katenas, Cléa Costa, Zé César e Adelmo Café entre outros que só aumentou minha vivência artística e passei então a querer trabalhar com artes visuais.”

Para Rôber, o mercado artístico demonstra que está fraco e que o goiano ainda tem pouco conhecimento sobre esse tipo de trabalho. “Temos poucas galeria e lojas especializadas. Tendo um consumo baixo, o artista goiano tenta outros estímulos em Estados vizinhos ou muitos vão embora pra nunca mais voltar”, conta ele.

Embora o cidadão comum não perceba, a arte está presente no cotidiano. De acordo com o artista, ela passa a ser elitizada a partir do momento que um certo grupo diz que aquilo é bom e o outro não. “Nesse momento acontece a bestialidade do consumo na arte. Só poucos bacanas têm poder de ter aquilo que ficou estipulado que é bom e que muitas vezes não é. Assim temos coisas maravilhosas sendo vendidas fora do circuito e que é de alta qualidade, é tudo uma questão de garimpar ir em busca de encontrar a fonte, seja no atelier do artista, galeria ou mesmo em feiras”, explica.

Um artista eclético, Rôber se destaca em vários setores das artes plásticas. “Me coloco sempre com tranquilidade em todas segmentos. Transito pela pintura, escultura, desenhos, colagens e fotografias, buscando sempre a técnica que no momento preciso para executar a obra. Me envolvo com aquilo que estou necessitando para criar a pesquisa de matérias, os rabiscos que são fundamentais.”

Rôber conta que gosta das Artes de todos os períodos. “Percebo determinado artistas por aí se inspirando naquele outro do passado ou o artista ‘X’ está copiando o ‘Y’, muitos fazendo cópias da síntese de artistas famosos e ainda diz que esta ‘criando’. Me identifico com vários que trabalham nessa área, mas gosto mesmo de Iberê Camargo”, destaca.

Quanto as cores que representam o trabalho de Rôber, ele diz que é de fase e não existe um tom que identifique. “A palheta muda de acordo com o que estou vivenciando no momento, já tive época que só pintava em preto em seus tons variados. Atualmente, está tudo azul, tudo que vejo tem que ter essa cor. Faço arte por gostar de artes e quase nunca trabalho com repetição, tem artista que faz a mesma coisa a vida inteira, eu estou fora, acho meio que uma prisão fazer sempre as mesmas coisas.”

Meu objetivo é despertar a arte nas pessoas, fazer com que meu trabalho transpire o tempo todo em que os vê. Para mim, a arte é a cura de todos os males”, finaliza Rôber.

Source: Diário da Manhã

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