Fitoterápico à base de mama-cadela pode tratar vitiligo
09 de Setembro de 2014, Jornal O Hoje.
Ainda em fase de pesquisa, na UFG, essa pode ser mais uma opção no tratamento natural da doença
O vitiligo caracteriza-se pela perda da coloração da pele, especialmente nas regiões do rosto, das mãos, dos pés, joelhos e cotovelos. Apesar de não ser contagioso, causa baixa autoestima nos portadores que tendem, muitas vezes, a se afastar do convívio social e perder no que diz respeito à qualidade de vida. Não existem formas de prevenir o vitiligo, doença autoimune, mas há tratamentos eficientes. Pesquisadores da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás estão desenvolvendo, desde 2012, estudos com plantas do Cerrado para produção de novos medicamentos para tratar o vitiligo.
A expectativa é que, dentro de cinco anos, haja a transferência de tecnologia da universidade para o setor privado e, consequentemente, produção de medicamento fitoterápico, ou seja, natural. No mercado, já há medicamentos químicos feitos com extratos da mama-cadela. Popularmente, a planta já é usada no tratamento caseiro do vitiligo, da úlcera gástrica e também como depurativo.
“A mama-cadela foi escolhida, em primeiro lugar, por ser uma planta do Cerrado, e o Laboratório de Desenvolvimento e Inovação de Bioprodutos prioriza trabalhos com plantas da nossa região, principalmente para aumentarmos a valorização do bioma em que estamos inseridos. Tendo em vista que seu uso popular já é comum, o objetivo do nosso estudo é acrescentar à planta o rigor científico e a comprovação da sua eficácia por meio de testes”, afirma o professor Edemilson Cardoso da Conceição, coordenador da pesquisa.
A mama-cadela possui, entre seus constituintes, metabólitos secundários capazes de serem excitados pela radiação UV. Uma vez fora do seu estado fundamental, essas substâncias podem se intercalar no DNA e ativar a repigmentação da pele nos locais acometidos pela doença. A maioria dos portadores de vitiligo não manifesta qualquer sintoma além da despigmentação da pele, mas eles devem ser acompanhados por um dermatologista, que indica o melhor tratamento para cada perfil de paciente. Quando se trata dessa doença, a resposta ao tratamento é individualizada. Em muitos casos, acompanhamentos psicológicos podem ser necessários, já que alterações emocionais, como excesso de estresse e ansiedade, estão relacionados à doença.
“Estamos na fase de desenvolvimento de formulações à base do extrato padronizado da mama-cadela; após a fase de desenvolvimento, as formulações ainda passarão por testes pré-clínicos e clínicos para, então, poder chegar ao mercado. A estimativa é de, no mínimo, cinco anos para a realização destas etapas”, adianta ele. Os pesquisadores envolvidos – mestranda Mariana Cristina e engenheiro agrônomo João Carlos Mohn, da Emater – alertam para o risco do uso indiscriminado da planta, que tem alta hepatotoxicidade.
A participação da Emater tem como objetivo colaborar no desenvolvimento do manejo sustentável da planta, justamente para minimizar os prejuízos à natureza e diminuir os riscos de extinção da mesma. A preocupação vai além da parte terapêutica. “Temos de criar mecanismos para explorar o Cerrado de forma racional”, destaca. Daí, o suporte da Emater e o apoio também da Embrapa. Da mama-cadela, muito se aproveita: a raiz, a madeira, o fruto e as folhas.
Jovem supera o preconceito
Ela é linda, tem apenas 20 anos, e é símbolo da autoaceitação e da luta contra o preconceito, às vezes velado, que o vitiligo ainda provoca. Na modelo canadense Winnie Harlow (foto acima), foi diagnosticada a doença aos 4 anos de idade. Na escola, sofreu bullying por conta das manchas brancas, que começavam a se espalhar pela pele negra – o que não a impediu de correr atrás do sonho de se tornar modelo.
Hoje, é conhecida internacionalmente e se define como “modelo porta-voz do vitiligo”. Em entrevista replicada mundialmente, disse: “As pessoas precisam entender que não existe nada de diferente em relação a nós (pessoas com vitiligo). Tem gente que tem a pele negra, e tem gente que tem a pele branca. Eu simplesmente tenho as duas.” Neste ano, ela foi convidada a voltar à sua antiga escola para participar de uma conversa motivacional com os estudantes, focada no preconceito que sofreu anos atrás.
Fonte: Jornal O Hoje
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