Terra, identidade e cinema

Festival Fronteira chega ao interior do Estado

13 de setembro de 2014 (sábado)

 

O 1º Fronteira Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental entra em sua segunda etapa com a realização da mostra Em Trânsito – Terra e Liberdade, que consiste em exibição de filmes e promoção de debates em comunidades rurais, camponesas e indígenas. Nesta edição, que prossegue até o dia 19, serão contemplados os municípios de Crixás e Aruanã, na região do Vale do Araguaia. A entrada é franca.

A mostra traz filmes com temáticas específicas como a ocupação urbana, a questão agrária e lutas sociais e, não por acaso, os filmes serão exibidos em assentamentos rurais e aldeias. Após as sessões, os curadores da mostra Henrique Borela e Rafael Parrode comentam com a plateia as questões abordadas nos filmes e também a linguagem cinematográfica de cada título.

Os curadores escolheram seis títulos para o projeto, montando uma programação diferenciada da exibida na primeira etapa do festival, começando pelo curta-metragem Em Trânsito, do diretor pernambucano Marcelo Pedroso, e pelo longa A Cidade é Uma Só?, de Brasília, com direção de Adirley Queirós. O primeiro, uma ficção, tem como tema a mobilidade urbana, num primeiro plano. Num contexto mais amplo, o filme investiga um dos aspectos mais visíveis da economia brasileira, que tem o consumo como sintoma de desenvolvimento – em particular o aumento da frota de carros particulares no Brasil recente.

No longa A Cidade é Uma Só, um documentário, o ponto de partida é o aniversário de 50 anos de Brasília, um símbolo das contradições do País praticamente desde sua construção. O foco do filme é um programa oficial do governo, de 1971, a Campanha de Erradicação de Invasões, que tirou das proximidades dos prédios, praças e outros equipamentos urbanos da capital federal as famílias que moravam em barracos, a maioria operários que trabalharam na construção da cidade. No entanto, essa parte dos construtores desse exemplo de arquitetura e planejamento urbano não foi lembrada no projeto inicial.

O cinema clássico hollywoodiano, em uma de suas primeiras expressões, o faroeste, também integra a mostra com a exibição Três Homens Maus, de John Ford. O clássico de 1926 conta a história de um trio de bandidos de bom coração que decide ajudar uma mulher que corre o risco de perder suas terras – a personagens é ameaçada pelo xerife e por uma quadrilha perigosa.

No curta-metragem Solo Te Puedo Mostrar el Color, documentário peruano de 2009, os protagonistas são o povo indígena awajun, ameaçado por uma empresa de mineração que quer explorar seu território. Os indígenas resistem ao poder da mineradora e ao governo, o que resulta em violentos conflitos. O curta-metragem brasileiro Karioka, outro documentário, conta a história de uma família indígena do Alto-Xingu (MT) que vai morar no Rio de Janeiro.

O premiado média-metragem brasileiro Bicicletas de Nhanderú, de Ariel Duarte Ortega e Patricia Ferreira (Keretxu), fala sobre o cotidiano dos mbya-guarani da aldeia Ko-enju, em Sãoo Miguel das Missões (RS). Além de abordar vários aspectos sobre a cultura e a espiritualidade da aldeia indígena, o filme destaca o envolvimento da tribo com a população local. O documentário, premiado em vários festivais no Brasil e no exterior, foi o grande vencedor da 13ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, na cidade de Goiás, e foi produzido pela ONG Vídeo nas Aldeias, criada para inserir a população indígena na produção audiovisual.

Em sua primeira etapa, realizada em Goiânia no Cine Cultura e no Cine UFG, o Festival Fronteira exibiu cerca de 120 filmes. Atividades como performances e debates com realizadores também integraram a programação do evento.



Fuente: O Popular

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