Em dias melhores
Data: 24 de setembro de 2014
Fonte/Veículo; Jornal O Popular
O POPULAR conferiu a situação da entidade de preservação audiovisual, há um ano assumida pelo professor Lisandro Nogueira. Espaço será administrado por Organização Social a partir de 2015
Rodrigo Alves - de São Paulo 24 de setembro de 2014 (quarta-feira)
Há um ano, a Cinemateca Brasileira, entidade dedicada à preservação de cerca de 80% de todo acervo audiovisual do Brasil ligada ao Ministério da Cultura, passava por enorme crise. O ex-diretor, Carlos Magalhães, havia sido exonerado em janeiro de 2013 sem substituto e o local amargava paralisação pela falta de pessoal após demissões (de uma centena e meia, o número havia caído para 22 funcionários). Com construções históricas nas proximidades do Parque Ibirapuera, na capital paulista, a Cinemateca vivia tempos de espaço fantasma. Há pouco dias, a reportagem do POPULAR esteve no local e o cenário era diferente.
Muito ainda precisa ser feito para que o espaço funcione a contento. Falta, por exemplo, cumprir uma de suas missões mais urgentes: digitalizar o acervo, em grande parte acondicionado em formatos já obsoletos, sem possibilidade de reprodução fora da Cinemateca. Também é necessário estruturar mais programas de difusão – afinal, trata-se do maior acervo audiovisual da América Latina. Mas, ao menos no dia em que a reportagem percorreu todo o espaço, parte do quadro técnico (hoje de cerca de 50 pessoas) trabalhava na manutenção, preservação e atendimento externo.
Uma das duas salas de exibição sediava um evento acadêmico. No pátio externo, uma mostra de filmes do folclórico Zé do Caixão era preparada para testar a nova grande tela do espaço. Uma equipe da produtora O2 Filmes, do cineasta Fernando Meirelles, participava de reunião com a direção da entidade para fechar parceria institucional. Em pauta, a decisão sobre que obra seria exibida para a estreia oficial da nova telona. Muito mais movimento do que reportava a imprensa paulistana, há um ano.
Retomada
A impressão que o visitante tem hoje ao visitar a Cinemateca Brasileira é de um lugar que volta a caminhar depois de dias obscuros. Cenário em que o professor da UFG Lisandro Nogueira assumiu a direção da Cinemateca em novembro de 2013. Seu nome, apontado em lista de quatro nomes elaborada por membros do conselho da entidade (formado por proeminentes como Ismael Xavier, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Cacá Diegues e Walter Salles), foi o escolhido da ministra da Cultura, Marta Suplicy.
“Depois de dias difíceis, a Cinemateca voltou a caminhar e agora segue para novo modelo institucional, administrada por uma OS (Organização Social). Os trâmites já estão correndo em Brasília”, adiantou ao POPULAR o professor, que deve ficar no posto apenas até o final do ano. A dura penas, o espaço saiu do marasmo, embora ainda tenha desafios pela frente, conforme admite seu atual diretor. “Isso aqui ainda precisa de muitos investimentos”, ponderou durante a visita da reportagem.
Números
24 de setembro de 2014 (quarta-feira)
200 mil
rolos de filmes
30 mil
títulos entre ficção, documentários, cinejornais, filmes publicitários e registros familiares
Registros datados desde 1895
180 mil
rolos de filme 16mm e videotapes de todo o acervo da extinta TV Tupi
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