A corrupção pode levar 4% a 5% dos eleitores a mudar o voto e esse porcentual não foi suficiente para, nas últimas eleições presidenciais, levar o candidato que liderava as pesquisas a perder a disputa, mas garantiu a realização do segundo turno.
Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pelo cientista político Lúcio Rennó, da Universidade de Brasília, e que faz parte do livro O voto para Presidente no Brasil- Condicionantes e Fatores Explicativos, organizado pelo professor da Universidade federal de Minas Gerais (UFMG), Robert Bonifácio.
O livro, lançado ontem durante a mesa redonda Eleições 2014 em Debate, organizada pelo Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Goiás (UFG), trata dos fatores que influenciam no voto: economia, avaliação do governo, corrupção, ideologia, mídia, entre outros.
O estudo de Rennó, que compreende as eleições presidenciais de 2002 a 2010, concluiu que os escândalos de corrupção que vieram à tona nas vésperas dos últimos pleitos presidenciais impediram que o candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhasse a eleição no primeiro turno em 2006 e que o mesmo acontecesse com Dilma Rousseff (PT) em 2010. Mas não foram suficientes para que eles perdessem a eleição. “O eleitor avalia dois aspectos importantes: a corrupção e o desempenho da economia e social. Se o governo vai bem nessas áreas, a corrupção tem pouco efeito no voto.”
O cenário de 2014 não deve repetir as últimas eleições porque a polarização PT e PSDB foi quebrada. Na opinião do professor, o cenário para que os escândalos de corrupção interfira no voto do eleitor foi alterado com a morte de Eduardo Campos e crescimento de Marina Silva (PSB). O pesquisador acredita que essa mudança deve reduzir ainda mais o papel da corrupção na definição do voto. Outros elementos, como a economia, devem ter um papel mais importante este ano, afirma.