Mente Ativa
Data: 29/09/2014
Veículo: O Popular
Mente Ativa
Com uma vida dedicada à educação, a professora e escritora Maria do Rosário Cassimiro acaba de completar 80 anos em plena atividade. O segredo, segundo ela, é manter a agilidade mental. Nascida em Catalão, ela vive em Goiânia desde 1945. Formou-se em Pedagogia na então Universidade Católica de Goiás e fez especializações no Rio de Janeiro, São Paulo e Santiago (Chile). Foi reitora na UFG entre 1982 e 1986, quando criou e instalou os câmpus de Catalão e Jataí. Trabalhou em Porto Nacional e Firminópolis em atividades de extensão e ajudou a criar a Universidade do Tocantins. Com 14 livros publicados, é membro da Academia Goiana de Letras, da Academia de Letras de Catalão, da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás e correspondente nas academias de Inhumas e Bela Vista.
Catalão, sua cidade natal, tem uma vocação cultural e já teve entre seus habitantes o escritor Bernardo Guimarães. Esse ambiente favoreceu sua carreira literária?
Catalão é considerada a Atenas Goiana, por sua vocação cultural. Bernardo Guimarães, que escreveu A Escrava Isaura e O Índio Afonso, morou lá. O escritor Ricardo Paranhos nasceu em Catalão. O ambiente favorece sim, sempre exerce alguma influência.
Quando a senhora começou a escrever?
Com 8 ou 9 anos, já escrevia, mas não tinha interesse em cultivar ou guardar. O pouco que tenho guardado é da adolescência. Na faculdade escrevi nove livros sobre educação, alguns em parceria. Depois escrevi outros literários.
Como avalia o ensino no Brasil?
Tenho 63 anos dedicados à educação. Segui uma carreira muito bonita na antiga Faculdade de Filosofia da UFG. Desde que fiz concurso para a universidade, fui muito ligada à administração. A partir dos câmpus no interior, a UFG entrou em nova fase. Hoje é quase uma grande universidade. Mas o ensino no Brasil é um dos piores do mundo. Fala-se muito em escola de tempo integral. É importante, por dar uma dimensão maior à formação integral. Mas do jeito que estão fazendo não acrescenta nada em conhecimentos. Escola integral tem que dar um grande passo, aumentar a carga horária e o número de disciplinas, e não apenas as atividades físicas e artísticas. Há muitas que são muito ruins, onde não há uma educação em tempo integral. Educação supõe qualidade de ensino. Como formar cientistas sem aumentar o estudo de ciências, geografia, história e língua portuguesa?
O que pensa da produção literária em Goiás?
É positiva. Há uma literatura mais branda, com escritores novos que têm potencial para crescer. A expectativa é boa. O grande problema é a divulgação. Poucos escritores levam seus livros para além do Rio Paranaíba. O Brasil é muito grande e nossa interiorização atrapalha. Mas temos um movimento cultural muito bom em Goiás. Os governos estadual e municipal dão muito apoio à cultura.
O que a senhora está escrevendo?
Estou com dois livros encaminhados. Um será uma autobiografia. O outro será de poemas, para não falar que não falei de flores, porque não me considero poeta. Infelizmente, porque tenho admiração pelos poetas.
Qual o segredo de ter uma vida ativa?
Quero morrer trabalhando, no entanto, quero viver muito. Não quero envelhecer. O que faço é manter a cabeça ativa. Não me deixo desmoronar numa cama. Procuro sempre usar a cabeça e as pernas. Nada de cama, bengala, cadeira de rodas. Mesmo quando for necessário, estarei andando. A cama mata. Procuro manter a agilidade mental. Quem não envelhece na cabeça, morre lúcido. Quero morrer lúcida, respeitada e com saúde. E tenho muita fé em Deus. Pela fé nós chegamos ao infinito.
Source: O Popular
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