Sem relação com região afetada

Data: 14 de setembro de 2014

Fonte/Veículo: O Popular

 

Goiás tem poucas ligações com países afetados pelo ebola, sejam comerciais ou institucionais

 

São poucas as relações comerciais, institucionais (educacionais, religiosas) e diplomáticas entre o Estado de Goiás e países africanos vítimas do surto de ebola (Guiné, Serra Leoa e Libéria). A reportagem tentou ainda levantar quantos estrangeiros oriundos destes países estão em Goiás ou a suposta presença de um goiano em algum destes países, mas a Polícia Federal informou que não está autorizada a repassar qualquer informação sobre o assunto, que está sob a responsabilidade do Ministério da Justiça (MJ).

Dos 37 alunos do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) matriculados na Universidade Federal de Goiás (UFG), seis são de Guiné e nenhum de Serra Leoa ou Libéria. Os estudantes estão há pelo menos um ano estudando na capital goiana, ou seja, chegaram muito antes do início do surto da doença em seu País. “Eles gozam de plena saúde e nunca houve caso de transmissão de doenças provenientes da África por parte destes estudantes”, diz o coordenador do PEC-G da UFG, Jean Baptista.

Ele explica que programas como o PEC-G são fundamentais para estes estudantes, já que asseguram a formação de profissionais qualificados para atuar na realidade de seus países. A maioria dos alunos, informa, frequenta cursos relacionados à área da saúde. O POPULAR solicitou contato de pelo menos um estudante de Guiné, mas Jean afirma que a legislação impede que ele repasse informações de cotistas.

O coordenador explica que está previsto o recebimento de novos alunos africanos para o próximo ano letivo, mas nenhum de Guiné, Serra Leoa e Libéria. “O governo brasileiro não reconhece o novo governo instalado em Guiné e os outros países o nível de escolaridade é tão baixo que não conseguem contemplar as exigências”, explica.

O secretário-chefe do Gabinete de Gestão de Assuntos Internacionais da Governadoria, Isanulfo Cordeiro, desconhece a existência de cidadão goiano no território de algum desses países e informa que não recebeu qualquer pedido de solicitação diplomática para regresso. “Os registros feitos na Polícia Federal são por nacionalidade e por isso não é possível saber se é goiano ou de outro Estado”, afirma.

COMERCIAL

A relação comercial entre empresas goianas e Guiné, Serra Leoa e Libéria é tímida. Enquanto Goiás não importou nenhum produto oriundo destes países este ano, exportou um pouco mais de US$ 121 mil, sendo US$ 60,8 mil para a Libéria, US$ 50,3 mil para Serra Leoa e US$ 10,1 mil para Guiné. Todos os países compraram carne bovina e miudezas.

São países que até culturalmente são impedidos de comprar produtos de maior valor agregado. São economicamente isolados. Mas se já houve venda podemos sempre avançar”, explica o secretário de Indústria e Comércio (SIC), William Leyser O´Dwyer.

A reportagem de O POPULAR entrou em contato com o Ministério da Justiça, mas não obteve resposta.

4 MIL MORTES

O número de mortes atribuídas ao surto de ebola na àfrica Ocidental subiu para mais de 4 mil, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta sexta-feira. A agência baseada em Genebra, na Suíça, afirmou que 4.033 mortes foram confirmadas ou são suspeitas de terem sido causadas pela doença. Todas as fatalidades, com exceção de nove, aconteceram nos três países mais afetados, Libéria, Serra Leoa e Guiné. Oito foram na Nigéria e uma nos EUA. Até a quarta-feira, havia 8.399 casos de ebola confirmados ou suspeitos em sete países, de acordo com a OMS, sendo 8.376 casos nos três países mais afetados.

SEGURANÇA

A presidente da Associação Nacional de Biossegurança, Leila Macedo, disse que nunca existe risco zero de contaminação, mas que os profissionais do Instituto de Infectologia Evandro Chagas, tanto na parte hospitalar, quanto na laboratorial, foram treinados para atender casos de ebola. Ela se refere à qualidade do serviço prestado pelo instituto localizado em Belém, que faz análise para confirmar ou não o primeiro caso de ebola no país. “Os procedimentos são complexos. Você vê o que aconteceu na Espanha. O simples fato de a enfermeira ter errado na hora de tirar o equipamento de proteção individual foi suficiente para ela ser contaminada. Mas se os procedimentos preconizados pela Organização Mundial da Saúde forem seguidos não haverá problemas”, disse Leila.

O representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o ebola, David Nabarro, afirmou nesta sexta-feira que o número de casos provavelmente vai dobrar a cada três ou quatro semanas. Ele alertou que a resposta precisa ser 20 vezes maior do que está sendo até outubro, para controlar o rápido avanço do vírus.

 

Fonte: O Popular

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