Com criatividade, empresas surpreendem o mercado

Data: 12 de outubro de 2014

Fonte/veículo: O Popular

 

Criando importantes soluções tecnológicas ou adotando medidas simples para melhorar processos, elas se tornam mais eficientes e até ajudam outros negócios a crescer

Sebastião Nogueira

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François Fernandez e Paulo Carvalho mostram a máquina de descascar abacaxi

 

Foi prestando serviços de calibração para indústrias que a Preciso Metrologia e Qualidade descobriu algumas oportunidades de mercado e se tornou o Grupo Preciso. A empresa detectou demandas por algumas máquinas e equipamentos que elevariam a eficiência de outras empresas de vários segmentos, e começou a desenvolve-los com o apoio do Senai e Sebrae.

A Preciso já desenvolveu um equipamento para descascar abacaxi, que atende indústrias de poupa de fruta, sorvete e doces: ele descasca 100 abacaxis por hora, com uma redução de 50% de perdas de poupa de suco. Um único cliente, proprietário de uma fábrica de poupa de frutas, adquiriu 20 máquinas.

Depois disso, ela não parou mais de inovar e criou uma máquina para fabricar pão de queijo, que aumentou a escala de indústrias artesanais. Para facilitar a aquisição do equipamento, que custa entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, a empresa ainda dá orientação para financiamento junto ao BNDES. “A pessoa paga R$ 500 mensais por uma máquina que faz o trabalho de 3 ou 4 empregados. Mais barato que o salário de uma pessoa”, destaca o sócio proprietário, François Fernandez.

A Preciso já criou também uma máquina para descascar coco babaçu e deve entregar duas mil unidades para famílias de um município do Maranhão, onde a produção é feita de forma primitiva. Mas a inovação não parou por aí. Hoje, a empresa também aluga máquinas por cerca de R$ 1,5 mil, o equivalente ao salário de uma pessoa. “Vamos competir com equipamentos da Alemanha e Itália, que custam até cinco vez mais”, destaca François.

GOIABA

Casos como esse se multiplicam no Estado. A Facinatus Cosméticos, indústria de Aparecida de Goiânia, utiliza o Programa Agentes Locais de Inovação (ALI), do Sebrae, para criar novos produtos. Atualmente, a empresa está desenvolvendo um projeto, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) para aproveitar resíduos da semente de goiaba na produção de esfoliantes corporais.

Um dos sócios, Henner Santos Menezes, explica que a semente de goiaba, depois de triturada, substitui produtos sintéticos como o polietileno. A troca, segundo ele, também deve resultar num bom apelo de sustentabilidade, já que a empresa trabalha com óleos e extratos naturais. A expectativa é usar entre 1,5 e 2 toneladas anuais do resíduo, que é descartado por fabricantes de sucos e doces e substituirá uma matéria-prima cujo quilo custa até R$ 15.

Mas a gerente de Inovação e Competitividade do Sebrae Goiás, Eliane Moura, acredita que as empresas ainda precisam desmistificar o termo inovação. “Muitas vezes, há um conceito de que isso é algo apenas tecnológico e que exige muito investimento”, explica. Porém, ela lembra que o “Manual de Oslo” ampliou esse conceito, que hoje também abrange processos e gestão.

Isso significa que é possível inovar apenas criando um novo processo de comunicação, um bom site de vendas ou uma embalagem. A inovação de um processo pode otimizar custos, reduzir desperdícios e elevar a produtividade. “É tudo aquilo que o empresário faz de diferente que o torna mais competitivo no mercado e aumente a lucratividade do seu negócio”, ressalta Eliane.

Há dois anos, o empresário Gustavo Ribeiro Silva colocou no mercado a Focatto, especializada em moda praia. Porém, o conhecimento que tinha na criação e desenvolvimento do produto não bastou para fazer o empreendimento decolar. As peças ficavam expostas apenas no show room da fábrica, sem muita divulgação. Com a orientação do ALI, do Sebrae, ele resolveu investir em vendas online. No e-commerce, o faturamento da empresa cresceu 80%.

Referência no segmento de EPI (Equipamento de Proteção Individual) no Centro-Oeste, a empresa Kapitão América Equipamentos de Segurança inovou ao desenvolver um site em parceria com a consultoria Sebraetec. A página foi desenhada para que o consumidor possa conhecer a linha de produtos e as especificações de cada um.

SEMANA

Aproximar o empreendedor da inovação e mostrar que é possível inovar independente do porte da empresa é a missão da a Semana da Inovação, que acontece de 13 a 19 de outubro. Serão 39 eventos diversificados em 20 municípios do Estado, como seminários, palestras, capacitação, mutirão tecnológico e oficinas. “Vamos sensibilizar as empresas sobre a importância de inovar em processos e produtos. O Sebrae tem muitas soluções que mostram ao empreendedor os caminhos para ganhar mais competitividade”, destaca Elaine Moura.





 

Projeto de incubação apoia MPEs

12 de outubro de 2014 (domingo)

A UFG também tem um programa de incubadora de empresas que apoia o desenvolvimento de pequenos negócios. As empresas participantes recebem suporte laboratorial, com a estrutura da universidade, e a consultoria de pesquisadores de áreas específicas para o desenvolvimento de projetos. Além dos professores da UFG, as consultorias também são dadas por consultores terceirizados que atuam em várias áreas, como finanças e gestão.

A gerente de Incubadora de Empresas da UFG, Emília Rosângela Pires, explica que o processo de seleção das empresas beneficiadas é regido por um edital que determina as áreas, critérios e requisitos que a empresa deve ter. Segundo ela, além de empresas constituídas, até mesmos pessoas físicas que tenham uma boa ideia que possa ser transformada em produto ou serviço, e queiram abrir uma empresa, podem participar.

A incubadora conta com o apoio de todas as áreas de atuação da UFG para que as empresas recebem todo suporte laboratorial e dos pesquisadores, de acordo com seu segmento. Doze empresas que já passaram por todos os processos estão no mercado e 7 ainda estão na incubadora.

Amanhã, será aberto um novo processo seletivo que oferecerá 18 vagas para empresas interessadas em projetos de inovação. Os recursos, cerca de R$ 1 milhão por ano, são obtidos junto à Finep, Conselho Nacional de Pesquisa, Sebrae, Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás e Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis de Goiás.

DIA DO GATO

A criatividade dos empresários em Goiás mostra que não há limites para a inovação nos negócios. A advogada ambientalista Sibelle Okano é proprietária de um pet shop inovador, o Vila Felícia, no Jardim Goiás, que desde a sua criação, há cerca de três anos, conta com a parceria do Sebrae Goiás.

A empresária se orgulha de ter uma loja que se parece mais com uma butique. Mas talvez o maior diferencial da Vila Felícia seja o Dia do Gato, que tem até registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Toda quarta-feira, até às 17 horas, somente eles têm acesso ao pet shop, com direito a chuveiro quente e mimos como a catnip (erva do gato), da família da menta, conhecida pelos efeitos estimulantes nos bichinhos.

 

Fonte: O Popular

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