Política no cabaré

Data: 24/10/2014

Veículo: O Popular

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Repórter: Bruno Félix

 

Espetáculo O Verde Alecrim, de autoria do goiano Leo Pereira e com direção de Hugo Rodas, estreia no Centro Cultural UFG

 

A corrupção e a inércia da sociedade atual serão discutidas dentro de um cabaré na peça O Verde Alecrim, de autoria do dramaturgo goiano Leo Pereira, com direção do coreógrafo e bailarino uruguaio Hugo Rodas, que está radicado em Brasília desde a década de 1970. As apresentações serão hoje e amanhã, às 21 horas, no Centro Cultural UFG. A primeira exibição ocorreu ontem.

A trama gira em torno de dois personagens. O primeiro é o político e pastor evangélico, Oscarlos, interpretado pelo ator Guido Campos Correa. O segundo é a travesti da várzea Rita Bananeira, vivida por Rodrigo Cunha. No palco, eles vão estar em disputa eleitoral acirrada pela presidência da Oideva, Organização Internacional de Eventos Verde-Alecrim, a razão social do cabaré.

No pano de fundo, a peça traz o debate sobre a regulamentação da prostituição, das drogas, do sistema político-social e suas relações econômicas, que provoca uma concentração de renda nas mãos de poucos e deixa outros privados do direito da arte. “A proposta é criar uma consciência coletiva porque isso faz parte do combate a corrupção e da hipocrisia social. Estabeleço um debate com aqueles que lutam para que o preconceito seja resolvido”, adianta Leo Pereira.

Também fazem parte do espetáculo os atores Kleber Damaso, Lu Celestino, Nathalia Santiago, Raquel Rosa, Rodrigo Cruz, Adriana Veloso, Rodrigo Jubé, Erika Bearlz, Natássia Garcia, Andriw Araújo, Cleber Sanviê, Lívia Vergara e Valéria Braga. A trilha sonora fica conta com os músicos Dênio de Paula, Cristiane Perné, que assinam a direção, Carlos Foca, Fred Praxedes e Sérgio Pato. “Eles foram escolhidos pelo diretor Rodas, que já trabalhou com muitos deles”, revela Leo.

Inspiração

Segundo o dramaturgo goiano Leo Pereira, o texto da peça começou a ser escrito em 2000 e foi concluído 12 anos depois quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo, que revelou um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás, comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. “Escrevo conversando com o cotidiano e aquele momento serviu de inspiração porque a minha obra tem muito sobre o debate da corrupção”.

No entanto, segundo Leo, o nome do personagem não foi inspirado na Operação Monte Carlo. “Eu já estava trabalhando o texto, tinha uma estrutura consolidada e o nome tinha sido definido anteriormente e acabou mesmo sendo uma coincidência com a investigação porque encaro a arte como uma filosofia para se manifestar e não meramente como entretenimento”, ressalta. O projeto foi iniciado com a leitura da obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

Espetáculo: O Verde Alecrim

Autor: Leo Pereira

Direção e concepção: Hugo Rodas

Data: Hoje e amanhã, às 21 horas

Local: Centro Cultural UFG (Avenida Universitária, nº 311, Setor Universitário)

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Mais informações: 3521-1035/3521

 

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