Plantas medicinais do Cerrado são experimentadas na produção animal
Pesquisas visam contribuir para a diminuição do uso de antibióticos sintéticos na agropecuária
Pesquisadores da área de Produção Animal Sustentável de cinco universidades da região Centro-Oeste, sob a coordenação da Universidade Federal de Goiás (UFG), estão, desde 2011, investigando plantas do Cerrado para utilização no tratamento de doenças, quanto à aceitação e aspectos relativos à digestão em animais de produção comercial. Os estudos envolvem quatro espécies: sucupira, barbatimão, copaíba e pacari.
Os pesquisadores procuram apresentar alternativas e desenvolver produtos com a finalidade de reduzir gastos da produção animal, promover o aumento da eficiência dos alimentos e a preservação do bioma Cerrado, pela valorização e pelo estímulo ao uso sustentável dos seus recursos. Além disso, a busca por produtos fitogênicos na produção animal é algo novo e de extrema relevância.
As pesquisas, algumas já concluídas e outras em fase de experimentação de campo, devem contribuir com alternativas ao uso de medicamentos sintéticos na produção animal. Nessa área, são 12 projetos financiados pela Rede Centro-Oeste de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação (Rede Pró- Centro-Oeste). Os recursos aprovados para todos os projetos somam R$ 3,2 milhões e são oriundos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), pela Rede Pró Centro-Oeste.
Boas perspectivas
No caso dos ruminantes – bovinos de corte e de leite, mantidos em regime de confinamento e pastejo – o uso dessas plantas é para controlar a fermentação ruminal, inibindo seletivamente grupos de microrganismos patogênicos no trato gastrintestinal desses animais. Os experimentos, envolvendo 115 animais, estão em andamento na Escola de Veterinária e Zootecnia. Dos extratos das plantas inseridas na ração, a sucupira foi a que teve menor aceitação por parte dos animais.
No caso dos frangos, três frentes de pesquisa foram realizadas na EVZ. Além de verificar o desempenho geral dos animais tratados com os bioprodutos do Cerrado, os estudos tiveram focos específicos quanto à avaliação nutricional e metabólica; à saúde intestinal e ao aumento da imunidade contra patógenos no intestino. Na avaliação imunológica, por exemplo, os resultados sugerem que o óleo de copaíba tem efeito modulador da imunidade. Já aves suplementadas com óleo de copaíba e extrato de barbatimão obtiveram peso de ovos maior quando comparados aos das aves tratadas com ração contendo antibiótico.
Em suínos, a pesquisa avaliou o potencial antiparasitário do pacari e da sucupira no controle da sarna sarcóptica, com efeitos bastante positivos. Durante o estudo, constatou-se que há um grande potencial acaricida de algumas substâncias frente ao parasito causador da doença, sendo verificada uma grande melhora na resposta em nível inflamatório e de cicatrização nos suínos que foram tratados com os bioprodutos específicos.