Entrevista / Larissa Eugelmann

Data: 01 de março de 2015

Fonte: O Popular

 

A universitária Larissa Eugelmann pretende aproveitar a oportunidade que teve para lutar pelos direitos dos travestis.

De onde vem esse desejo imenso de estudar?

Estou na UFG porque tenho coração de estudante. Amo conhecimento. Eu leio muito sobre gramática e interpretação da língua. Sou uma linguista nata. Não estou chegando na sala de aula da universidade seca e crua.

Você faz questão de deixar o Rodrigo no passado e tornar-se a universitária Larissa, por que?

Travestis se sentem indignas das salas de aulas. Desde que soube que entraria na UFG conversei com várias colegas e muitas delas disseram que se “pudessem” fariam esse ou aquele curso. Algumas sonham em se tornar enfermeiras, outras advogadas. Como assim? Elas são aprisionadas pela exclusão social. São alienadas, acham que a vida se resume à rua e à casa. Quero representar minha classe.

Como foi o primeiro dia de aula?

Foi uma experiência maravilhosa, fui bem recebida. Eu sou uma pessoa que nunca abaixo a cabeça e sempre me incluo. Percebi que as primeiras carteiras estavam vazias e perguntei aos colegas que estavam no fundão: “vocês são a turma de bagunceiros, não é?” E eles ficaram rindo.

Quais são os planos para o futuro?

É difícil saber, não sei exatamente o que fazer porque agora tenho de considerar a minha nova realidade. Gosto muito de escrever sobre exclusão social.

Qual foi a reação de sua família ao decidir se vestir roupas de menina?

Minha mãe, que trabalha em serviços gerais, sempre me aceitou. Vesti roupas de menina aos 15 anos e saia com ela assim. A maior tristeza dela foi quando me envolvi com drogas.

 

 

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