Made in Goiás

Data: 02 de março de 2015

Fonte: O Hoje

Sem querer ficar para trás pioneiros investem em profissionalização na área de desenvolvimento

Com as facilidades de divulgação oferecida pela internet e por plataformas como Splitplay e Steam, desenvolver jogos não é mais necessariamente um processo de milhões e grandes equipes, podendo até mesmo ser feito em casa por uma pessoa só. Seguindo por este caminho está a Caesium Entertainment, fundada por quatro alunos do primeiro curso de desenvolvimento de games de Goiânia, o curso de Jogos Digitais do SENAC, embora outras universidades particulares já tenham planos de lançar graduações na área. Luís Gustavo Paiva é um dos pioneiros da empresa e acredita piamente na profissionalização em Goiás para formar bons desenvolvedores locais.

Ele vê que, no momento, desenvolver sozinho é o melhor caminho: “Como não existem empresas de desenvolvimento de jogos grandes ou mesmo consolidadas em Goiânia, a única saída foi montar nossa própria empresa”. Luís faz parte da primeira turma do curso e ainda está no terceiro semestre. Ele disse que a procura foi grande, já que vídeo games tiveram uma relação muito próxima com jovens nas últimas gerações: “Somos de uma geração que cresceu em frente aos video games, então todos sempre sonhamos em criar nossos próprios jogos, participar do cenário de games não só como consumidores, mas também como produtores. Assim que apareceu o curso, corremos para nos inscrever no vestibular”.

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

O fato de que os games hoje se transformaram em um negócio extremamente lucrativo e ao mesmo tempo acessível teve sua importância também: “Uma outra razão é que o mercado de Games está em plena ascensão, o que antigamente era visto como brincadeira de criança hoje é um ramo bilionário. O objetivo é ingressar nessa indústria, claro que inicialmente não temos capacidade de produzir os jogos de alto custo de produção, então começamos com produção indie, fazendo pequenos projetos ao mesmo tempo em que aprendemos”.

A exemplo das empresas de São Paulo, Florianópolis, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, a cena indie brasileira está de fato pipocando, sem contar os profissionais que saem daqui para trabalhar em grandes estúdios europeus e californianos. Para Luís, ainda são muitas restrições, mas o Brasil tem muito potencial: “O mercado brasileiro ainda não é comparável com o americano ou o japonês, mas estamos crescendo, muitas empresas indies brasileiras estão produzindo ótimos jogos e fazendo a cena crescer”.

Ele reclama que Goiás precisa de mais cursos profissionalizantes na área, já que, embora seja fácil encontrar interessados, é muito difícil encontrar profissionais capacitados, uma realidade que se repete mesmo nos grandes centros do País.  Pensando nisso, em abril, o professor Leonardo Antônio Alves passa a ministrar aulas de pós-graduação em Análise e Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos, na Faculdade Sul-Americana.

Professor Leonardo. Foto: André Costa

Professor Leonardo. Foto: André Costa

A pós começa em abril e terá duração de 19 meses e todos os alunos deverão criar um jogo ao longo do processo, cobrindo não só a área técnica específica, mas também a parte de design e noções de empreendedorismo e administração. O objetivo é habilitar o profissional para desenvolver jogos e para que ele tenha condições de se inserir no mercado como empresário ou funcionário. “Tive essa ideia da pós por conta do mercado, hoje mundial, que oferece a possibilidade de vender a qualquer pessoa, em qualquer país, sem falar nos jogos sociais, casuais e de simulação. O mercado abriu demais”, disse o professor Alves.

Ele aliou essa visão ao fato de que não existe nada neste sentido na cidade: “Existem pós-graduações e cursos isolados específicos. Alguns de design, outros de programação, mas nenhum que junte tudo. Precisava de algo mais forte, uma profissionalização mais completa para que estes profissionais possam pegar uma fatia deste mercado”. Alves acredita que a oferta desta pós servirá de pontapé para fomentar a área de jogos eletrônicos em Goiânia. Segundo ele, interesse tem de sobra: “Muita gente quer trabalhar com isso, mas não sabe como. Isso favorecerá muito a proximidade de mercado, encorajando o crescimento deste nicho aqui”.

Alves vê que nos próximos anos os vídeo games devem estar mais presentes nas universidades, mas infelizmente não os vê conquistando tão cedo a UFG: “Muitos alunos da federal querem, mas o foco da universidade é mais científico e não mercadológico. Isto é mais focado pelas faculdades particulares,é onde vejo isso como mais possibilidades por agora. Sou professor da federal e sou o único lá que fala no assunto e atua na área então, por agora, provavelmente não”. Por essas e outras, o professor e Luís e a Caesium têm a mesma opinião: no momento, o pioneirismo é importante para consolidar e fortalecer o mercado na nossa região. “A gente precisa criar primeiro os mercados. Assim que aparece o mercado, a demanda por profissionais aumenta”. E ele está certo. O próprio governo federal já abru linha de crédito no BNDES com juros baixos para quem quiser investir na área, principalmente com jogos em contexto social e empresarial.

Além disso, não é um mercado isolado, com possibilidades em outras áreas de conhecimento fora da informática e tecnologia: “Teremos uma boa abertura com possibilidades em administração e negócios, educação, design, arquitetura, engenharia civil…”. Por fim, ele encerra: “Goiânia não pode ficar de fora. Temos ótimos profissionais de TI e boas faculdades. É a hora de fazermos nosso nome”.

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