Número de vítimas do tráfico de mulheres continua elevado em Goiás

Estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás propõe ações voltadas para prevenção, proteção e atendimento às vítimas

Levantamento feito por pesquisa realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) aponta que Goiás continua figurando entre aqueles com maior número de vítimas de tráfico de pessoas. O estudo chama atenção para o tráfico de mulherespara fins de exploração sexual comercial. Coordenada pela professora Telma Durães, a pesquisa realizou um mapa da incidência do crime, com foco no Brasil e em países como Espanha e Portugal.

Segundo a pesquisa, há obstáculos para definir critérios que caracterizam e distinguem o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual; a prostituição enquanto exploração comercial e enquanto trabalho; as migrações internacionais e o contrabando de pessoas. Dessa maneira observa-se uma dicotomia quanto à abordagem desse crime no Brasil. Enquanto movimentos sociais de combate ao tráfico se referenciam no Protocolo de Palermo, o sistema de segurança adota o Código Penal, o que dificulta a criação de ações de prevenção.

O estudo aponta ainda que mulheres, homens, crianças, adolescentes e travestis que vivem em situação de pobreza são mais vulneráveis e são levados a utilizarem o corpo como sustento, não vislumbrando alternativa de trabalho. No entanto,de acordo com a coordenadora do estudo, muitas mulheres jovens e adultas, que são levadas a se prostituir no exterior, o fazem de maneira consciente, buscando melhores condições de vida.

Iniciada em 2012, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), o projeto “Tráfico Internacional de Mulheres: Goiás – pensando a prevenção” tem como principal foco o desenvolvimento de ações voltadas à identificação, prevenção, proteção e atendimento às vítimas.

Parcerias

O estudo envolveu alunos de pós-graduação e graduação, professores e parcerias intersetoriais com o apoio de instituições como Ministério da Justiça (MJ), Ministério Público Federal (MPF), Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira) e organizações não governamentais locais e internacionais.

Exploração Humana

De acordo com levantamento do Escritório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (ONODC), o tráfico humano atinge cerca 2,4 milhões de pessoas no mundo. O relatório aponta que esse mercado ilegal lucra mais de US$ 32 milhões por ano e que 80% das pessoas são exploradas como escravas sexuais.

Desde 2004, o Brasil é signatário do Protocolo de Palermo, que estabelece diretrizes para classificar e combater a exploração humana de forma geral, a partir do qual foram estabelecidos diversos acordos de cooperação com Organização dos Estados Americanos e com o Mercosul, além de acordos bilaterais com diversos países.