População em situação de rua passa por testes para detectar doenças infectocontagiosas

As coletas de sangue são realizadas em albergues, abrigos e ruas de Goiânia

Moradores de rua de Goiânia passam por testes para apontar a presença das hepatites B e C, HIV e sífilis. Até o momento já foram coletadas amostras de sangue de 319 pessoas. Dez delas apresentaram resultado positivo para HIV, 11 para hepatite C, três para hepatite B e 55 para sífilis. A pesquisa vem sendo realizada há um ano e meio pelo Núcleo de Estudos em Epidemiologia e Cuidados em Agravos Infecciosos, com Ênfase em Hepatites Virais (NECAIH) da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O trabalho, feito em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e com a Secretaria da Saúde do Estado de Goiás, também apontou que 60% a 80% dos indivíduos testados são usuários de crack e possuem uma grande necessidade de atendimento odontológico. Com base nas informações coletadas, foi realizada uma parceria com a Faculdade de Odontologia e com o Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG para trabalhar a redução de danos, estratégias de adesão ao tratamento e avaliação das características dos agentes infecciosos identificados.

O professor Marcos André de Matos, coordenador do Núcleo, explicou o processo. “Nós fazemos uma consulta de pré-aconselhamento, depois coletamos o sangue e fazemos um teste rápido, que dá um resultado em 15 minutos”. O passo seguinte é uma consulta de pós-aconselhamento em que são realizadas ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e sensibilização da vulnerabilidade a essas infecções, detalha o professor. Os indivíduos positivos são encaminhamos para o Centro de Testagem e Acompanhamento (CTA) de Goiânia, responsável por acompanhar os portadores dessas infecções.
Cada participante recebe um kit, contendo uma mochila, itens para cuidado da higiene corporal e bucal; preservativos; folders educativos e um chinelo. Além disso, ganha um bilhete de transporte coletivo para que possa ir à consulta. Os desafios agora são sensibilizar a população em geral sobre o atual descaso com os moradores de rua, capacitar os profissionais de saúde que atuam junto a essas pessoas, bem como fazer com que a população de rua busque atendimento e tenha condições de aderir ao tratamento.

Saúde Coletiva
A UFG recebe o 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão) que ocorre entre os dias 28 de julho e 1º de agosto, no Câmpus Samambaia. O evento terá a presença de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, docentes, estudantes, técnicos, gestores, profissionais e militantes da Saúde Coletiva. A programação do Congresso prevê a realização de quatro debates, 90 mesas-redondas e apresentação de 4.600 trabalhos.