Grupos vulneráveis ainda têm baixa imunização contra Hepatite B

Estudos da UFG reforçam importância de investimento em serviços que alcancem essa população

Amanhã, 28, é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. Apesar de o Brasil oferecer vacina contra a Hepatite B desde a década de 90, pesquisas mostram que muitos brasileiros ainda não foram vacinados, principalmente aqueles com maior risco de contrair a doença. Estudos da Faculdade de Enfermagem e do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG) sobre a cobertura vacinal em Goiânia revelam que somente 27,6% das profissionais do sexo e 17,7% dos usuários de crack investigados tomaram as três doses da vacina.

Responsável pelas pesquisas e coordenadora do Núcleo de Estudos em Epidemiologia e Cuidados em Agravos Infecciosos, com Ênfase em Hepatites Virais (Necaih), a professora Sheila Araújo Teles explica que o problema está no acesso. “Devido aos estigmas sociais, essas pessoas, em geral não procuram os serviços públicos de saúde, e têm grande mobilidade geográfica, o que, por sua vez, também dificulta o acesso dos profissionais de saúde”.

Para a pesquisadora é essencial aumentar os investimentos em serviços que cheguem aos grupos de maior risco. “Para alcançá-los temos que ir até eles, fazer parcerias com as organizações da sociedade civil que atuam com esses grupos e capacitar os profissionais de saúde para atendê-los de forma não preconceituosa, sem julgamentos”, detalha.

Sheila destaca a importância de equipes móveis que acessem estas populações em seu ambiente e sugere que a vacina seja oferecida também em locais como clínicas de tratamento para dependência química, serviços de tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s) e presídios, entre outros. “Em nosso estudo com usuários de crack, por exemplo, conseguimos concluir o esquema vacinal contra hepatite B de muitos indivíduos que reinternavam. Ou seja, temos que aproveitar as oportunidades”.

Vacina no Brasil

A Hepatite B é uma doença transmitida por vírus e que causa irritação e inflamação do fígado. No Brasil, estima-se que 7,4% da população geral (10 a 69 anos) das capitais e do Distrito Federal já se contaminaram com o vírus, e 0,37% tem hepatite B. O Brasil oferece vacina desde a década de 90 e tem ampliado a oferta da vacina gradativamente. Atualmente a vacina está disponível para qualquer indivíduo com menos de 50 anos e populações em maior risco, independentemente da idade. Contudo, esta oferta ocorre de forma predominante nas unidades de saúde, onde os grupos com maior risco de contrair a doença, em geral, não são alcançados.

O esquema vacinal é composto por três partes e há ainda o desafio de fazer com que as pessoas voltem para tomar todas as doses. A vacina contra hepatite B foi incluída no calendário infantil de imunização em 1998 e a expectativa é que, no futuro, todos sejam imunizados, como ocorre com outras doenças como sarampo e rubéola.

Saúde Coletiva

A UFG recebe o 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão) que ocorre entre os dias 28 de julho e 1º de agosto, no Câmpus Samambaia. O evento terá a presença de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, docentes, estudantes, técnicos, gestores, profissionais e militantes da Saúde Coletiva. A programação do Congresso prevê a realização de quatro debates, 90 mesas-redondas e apresentação de 4.600 trabalhos.