Plantas do Cerrado têm potencial para ornamentação

Estudos de alunos de pós-graduação da Faculdade de Agronomia buscam valorizar espécies nativas

O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira e um dos biomas de maior diversidade florística do planeta. No entanto, as espécies nativas são raras nos viveiros e os jardins são normalmente decorados com espécies exóticas, vindas de fora. Tendo em vista o alto potencial ornamental das plantas da região, um grupo de pesquisadores da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) se dedica a examinar essas espécies e a viabilidade de cultivo para fins paisagísticos, tema ainda pouco estudado no Brasil.

Professora da Escola de Agronomia da UFG e coordenadora do grupo, Larissa Leandro Pires conta que, atualmente, ela e seus alunos trabalham com diversas espécies nativas do Cerrado, desde orquídeas e bromélias até espécies de bambus nativos. Ela explica que, para que as espécies nativas possam ser utilizadas no paisagismo e ornamentação, primeiramente, é necessário conhecê-las. “Precisamos saber de suas necessidades e exigências em diversos aspectos, como luminosidade, adubação, de solo, necessidade hídrica, e até mesmo como estas irão se comportar fora de seu habitat natural, plantadas em um vaso na varanda de casa, ou em um jardim ou na própria arborização urbana”, detalha.

Além disso, segundo a professora da EA, é preciso conhecer, inclusive, como será a aceitação e preferência dessas espécies pelo mercado, local ou não, tanto por parte dos viveiristas que irão produzir as mudas a serem comercializadas, como dos paisagistas que irão inserí-las em seus projetos, até chegar ao consumidor final.

Divulgar, valorizar e conservar

O doutorando Daniel Brandão explica que cultivar plantas nativas é mais sustentável e até mais barato, pois, por essas já estarem adaptadas ao solo e ao clima, demandam menos custos. Além disso, segundo ele, a utilização de espécies de plantas ornamentais nativas do Cerrado pode se tornar uma alternativa futura de renda, principalmente, para pequenos e médios agricultores. “Pesquisas científicas nessa área devem continuar para preservar, divulgar e gerar conhecimento para que futuramente essas espécies que são nossa identidade no Brasil Central, possam ser inseridas no mercado paisagístico para o consumidor”, afirma. A também doutoranda Mayara Wesley da Silva, ressalta ainda que a utilização racional de espécies de plantas nativas pode ser um mecanismo eficiente para valorizar e conservar a biodiversidade.

Por que utilizar plantas nativas no paisagismo?

- Já são adaptadas às condições climáticas locais;

- Baixa necessidade de manutenção;

- Colaborar para a preservação da flora local;

- Reforço das identidades regionais;

- Favorecimento da diversidade biológica;

- Público ávido por novidades com a mesmice dos viveiros e dos espaços verdes;

- Tendência de desenvolver produtos com baixo impacto ambiental.

Fonte: Ascom UFG