Cotas na pós-graduação possibilitam redução da desigualdade

Primeira universidade a adotar o sistema na pós-graduação no Brasil, UFG abre caminhos para pessoas antes excluídas terem acesso a esses cursos

A UFG foi a primeira universidade do país a adotar o sistema de cotas raciais para todos seus cursos de pós-graduação. Em 2014, uma comissão interdisciplinar de docentes realizou discussões e elaborou argumentos para a aprovação das cotas. A resolução desenvolvida foi aprovada pela Câmara de Pós-Graduação, pelo Conselho Superior da Universidade (Consuni), e implantada em abril de 2015. A resolução em vigor terá vigência por dez anos, podendo ser prorrogada após futura avaliação, e determina que 20% das vagas oferecidas são reservadas para pretos, pardos e indígenas.

O pró-reitor de pós-graduação da UFG, José Alexandre Diniz, afirmou em um seminário na Fundação Carlos Chagas que: “para o convencimento da Câmara de Pós-graduação da UFG foi importante esclarecer a concepção errônea de muitos professores pesquisadores de que já houve um nivelamento das desigualdades, graças às cotas da graduação. A evidência contrária é que agora existe a lei de cotas para o serviço público, que é posterior à graduação.”

De acordo com a Coordenadora de Ações Afirmativas da UFG, Luciene Dias,  medidas de inclusão como as cotas na graduação e o programa UFGInclui abriram caminhos para indivíduos historicamente excluídos entrarem na universidade. Segundo ela, cotas na pós-graduação são um desdobramento natural e sinal de que os ingressantes na graduação estão buscando níveis superiores. “A partir de agora teremos pessoas negras na docência, espaço ainda marcado por uma maioria branca. Quem ganha com isso? Não só a pessoa excluída. Quando se convive com a diferença, a coletividade repensa suas atitudes. O convívio com a diversidade é o primeiro passo para alcançar o respeito às diferenças”, afirmou Luciene Dias.

Segundo Luciene Dias, a principal função da Coordenadoria de Ações Afirmativas (Caaf) é realizar diálogos e mediações. Como não há leis de cotas específicas para a pós-graduação, as universidades são livres para criar suas próprias medidas afirmativas e, mais do que isso, os programas de pós-graduação criam seus próprios editais e modos de seleção. Neste contexto, é essencial a atuação de uma coordenadoria que faça a mediação dos debates, torne a preocupação com as cotas na pós-graduação institucional, e, de acordo com Luciene Dias: “possibilite que outros pensares sejam instituídos.”

Fonte: Ascom UFG