Centro de Goiânia é principal área de concentração de atividades e transporte coletivo

Pesquisas da UFG avaliaram distribuição das atividades e a relação com o sistema de transporte urbano na Capital

O bom funcionamento de uma cidade depende de diversos fatores, entre eles o planejamento e gestão dos espaços com a organização de sua estrutura, de modo a oferecer à população atividades diversas distribuídas equilibradamente, além de pensar o acesso por meio da articulação da mobilidade urbana com qualidade. Pesquisas realizadas no projeto Identificação de centralidades brasileiras para planejamento da mobilidade urbana sustentável, no âmbito do Mestrado Projeto e Cidade, da Faculdade de Artes Visuais (FAV) da Universidade Federal de Goiás (UFG), identificaram as centralidades de Goiânia, ou seja, principais regiões onde se concentram atividades diversificadas com objetivo de entender como se dá espacialmente a distribuição na cidade e a relação com os sistemas de transporte.

Uma das pesquisas mostrou que as principais centralidades se localizam no próprio Centro tradicional da cidade, em Campinas e na Praça Universitária. A coordenadora da pesquisa e professora da UFG, Érika Kneib, afirma que existe ainda uma forte centralidade linear que corta a cidade de Leste a Oeste, passando pelo Centro de Goiânia. Essa centralidade se conecta aos subcentros da região Sul e Sudoeste, o que inclui os setores Bueno e Pedro Ludovico. Também foi considerada área com grande concentração de atividades, porém desconectada com as demais da cidade, a da região Sul, onde se localiza o Buriti Shopping, limite com município de Aparecida de Goiânia. Além destes, outros dois subcentros na região Sudeste, próximos ao Shopping Flamboyant, no setor Jardim Goiás e duas potenciais centralidades na porção Norte, onde estão o Câmpus Samambaia da UFG e as imediações do Aeroporto de Goiânia foram detectados como áreas com em grande crescimento.

Segundo Érika Kneib, ao comparar essas centralidades com os projetos em desenvolvimento e já existentes de corredores de transporte público em Goiânia é possível observar que a estrutura do sistema de transporte influencia no próprio aumento ou contenção das atividades em determinados locais. A pesquisadora explica, por exemplo, que a centralidade linear que atravessa Goiânia no sentido leste-oeste se forma justamente onde está a linha do Eixo Anhanguera – no qual será implantado o projeto do VLT -, principal eixo de transporte coletivo da Região Metropolitana e de grande importância pela capacidade de conexão de outras centralidades.

Já o BRT Norte-Sul, que está em fase de projeto, pensado com o objetivo de interligar essas regiões da cidade passando por seis terminais, torna-se um importante vetor para a conexão das regiões Sul e Sudoeste com o Centro, áreas que, devido à própria organização das linhas de transporte, têm o potencial de se tornarem centralidades. “Normalmente, quando um sistema de transporte de maior capacidade é colocado, a tendência é que vire uma centralidade linear, ou seja, que haja uma maior concentração de atividades entorno desse eixo”, argumenta.

A pesquisa avalia ainda que outros projetos para a implantação de corredores preferenciais para ônibus, os chamados BRS, como os das avenidas T-7, T-9, 85, 24 de Outubro e Independência, além da avenida Universitária, já em funcionamento, também contribuirão para ligar a parte Central com a Oeste e para fomentar o surgimento de novas centralidades, ao favorecer deslocamentos com maior qualidade entre esses pontos. Para Érika Kneib, o estudo contribui para apontar investimentos necessários no planejamento urbano da Capital e melhorias na mobilidade: “É fundamental identificar essas centralidades para saber qual o modo de transporte mais adequado para promover a ligação entre as centralidades, como o transporte coletivo; ou para proporcionar deslocamentos curtos, favorecendo a caminhada e a bicicleta; quais investimentos precisam ser feitos e identificar ações e políticas a serem implementadas para que as pessoas evitem longos deslocamentos na cidade todos os dias”, destacou.

Transporte coletivo

Outra pesquisa fez um levantamento da distribuição da oferta de transporte público em Goiânia, com o intuito de entender a relação entre o atendimento do sistema e as centralidades. Érika Kneib afirma que o Centro da Capital é a área com maior atendimento do transporte público, mas à medida que há um afastamento dessa área, a oferta se reduz. “Isso é natural porque você tem uma concentração de pessoas e atividades e, consequentemente, muito mais demanda dentro das centralidades do que fora”, explica. Há também alta oferta em avenidas como a T-7 e T-9 e próximo ao Buriti Shopping, o que se dá de forma contrária em setores como Aldeia do Vale e Jaó. A pesquisadora enfatiza que essa baixa oferta não significa falta de atendimento à demanda. Entretanto, aponta que é possível, com o uso desses dados, avaliar as áreas em que há necessidade prioritária de melhoria da infraestrutura e da oferta de transporte coletivo.

Fórum de Mobilidade Urbana

Com o objetivo de discutir melhorias para a mobilidade urbana na Região Metropolitana de Goiânia, o Fórum de Mobilidade Urbana foi constituído e, desde 2010, articula cerca de 40 órgãos e entidades do poder público, setor produtivo e de pesquisa, além da sociedade, em torno da temática. Em 2015, o Fórum se tornou projeto de extensão da UFG, que assumiu sua coordenação, parceria que visa à socialização de pesquisas desenvolvidas na Universidade as quais podem subsidiar a construção de políticas a serem aplicadas na região.

Fonte: Ascom UFG