Eleitor goianiense não se interessa por política e não confia em partidos, revela pesquisa inédita
Levantamento feito com 1,2 mil eleitores também traz dados sobre preferência partidária e avaliação de lideranças políticas
A maioria dos eleitores de Goiânia tem pouco ou nenhum interesse por política, tema pelo qual nutrem sentimentos negativos, como decepção, desconfiança e aborrecimento. Estas são algumas conclusões da pesquisa “O comportamento político do eleitorgoianiense”, coordenada pelo professor Pedro Santos Mundim, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A pesquisa, realizada entre os dias 14 de novembro de 2015 e 17 de janeiro de 2016, foi feita com 1,2 mil eleitores com mais de 18 anos. A margem de erro é de mais ou menos 2,9%, com nível de confiança de 95%. Segundo o coordenador da pesquisa, trata-se de um dos mais completos levantamentos feitos no Estado sobre o perfil político do eleitor, com informações detalhadas sobre suas opiniões, comportamento e valores.
Na pesquisa, o baixo interesse por política é admitido por 81% dos entrevistados. O pessimismo também está relacionado aos políticos e aos partidos, pelos quais os eleitores compartilham opiniões como “são todos iguais” e “a maioria não se interessa pela opinião das pessoas”. A pesquisa também mostra pouca confiança nas instituições públicas – 66% afirmam nunca confiar em partidospolíticos. O índice de desconfiança também é alto em relação ao Congresso Nacional, à Assembleia Legislativa de Goiás e à Câmara de Vereadores de Goiânia. A instituição mais confiável, segundo 42% dos entrevistados, é a Igreja Católica.
Democracia
Apesar de a democracia ser o regime de governo preferido dos eleitores que participaram do levantamento, 89% dizem estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos e 74% consideram que a democracia no Brasil tem grandes e graves problemas. “Uma das hipóteses para essa insatisfação é a situação econômica e política do país, que leva o eleitor a acreditar que são problemas relacionados ao regime político”, ressalta Pedro.
A indignação, entretanto, não é proporcional à participação política do goianiense. Grande parte – 65% – já participou de um comício, mas poucos se mostram dispostos a fazer parte de atos como parar o trânsito ou ocupar prédios e escolas, ou ainda escrever sobre questões políticas em um blog ou rede social. Para o coordenador da pesquisa, a participação passiva do goianiense pode estar ligada à avaliação política negativa. “O retorno que o cidadão têm dos políticos não é suficiente para incentivá-los a participar”.
Partidos e lideranças
Os eleitores entrevistados também atribuíram notas de 0 a 10 a lideranças políticas previamente selecionadas. Entre os mais bem pontuados estão o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (média de 6,34), o ex-prefeito Iris Rezende (5,33) e o senador Aécio Neves (4,83). Na lista ainda estão Ronaldo Caiado (4,75), Marconi Perillo (4,28), Lúcia Vânia (3,96), Lula (3,11), Paulo Garcia (2,70), Nicolás Maduro (2,68) e Dilma Rousseff (2,17).
Em relação aos partidos políticos, os eleitores apontaram quais são os seus preferidos de uma lista com os mais representativos na atualidade. A maioria – 59% – afirma não ter nenhuma preferência. Na sequência aparecem PMDB (14%), PSDB (12%) e PT (6%). Já a maior rejeição ficou com o PT (50%), seguido pelo PSDB (9%) e pelo PMDB (5%). Quanto ao posicionamento ideológico, a pesquisarevela que o eleitor de Goiânia está mais ao centro (41%), ao contrário do perfil brasileiro, mais de centro-direita (a comparação foi feita com dados nacionais do Datafolha).
Redes sociais
A pesquisa também mostra que as redes sociais foram o espaço de discussão e compartilhamento de notícias nas eleições de 2014 – 23% dos eleitores usaram o WhatsApp para discutir sobre o processo eleitoral, mesmo percentual dos que usaram o Facebook para compartilhar notícias sobre o pleito. O levantamento também traz informações sobre os espaços sociais mais usados para seconversar sobre política e sobre os hábitos de consumo de notícias em jornais, revistas e na internet.
Source: Ascom/UFG