Lobeira é matéria-prima para produção de etanol, medicamentos e alimentos
Pesquisa da UFG comprova potencialidades desconhecidas da fruta para uso industrial
Com alta produtividade, a lobeira é uma planta resistente e que possui grande potencial para a indústria alimentícia, farmacêutica e para a produção de etanol. Considerada praga por agricultores, o fruto está sendo estudado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás (UFG) desde 2010.
O nome da planta é uma referência ao loboguará, que se alimenta do fruto. Na tradição rural, a lobeira é usada para fazer chás e xaropes caseiros para auxiliar no tratamento de asma e resfriado, mas passou a ser negligenciada ao se tornar um problema na hora de transformar áreas nativas em pasto ou plantação, principalmente por ter raízes muito profundas esobreviver ao período de seca e até a queimadas.
Entre as descobertas, foi verificado que o amido retirado da lobeira possui características diferentes dos comerciais. Por meio de processos químicos e enzimáticos ele produz a glicose que pode ser utilizada como adoçante em produtos da indústria alimentícia. Este amido também pode ser usado na fabricação de empanados, pois o amido de lobeira tem propriedades ditas filmogênicas, que permitem fazer o revestimento deste produto conferindo as características de crocância mesmo depois de congelado.
Outro ponto de destaque é que, com alto rendimento de glicose, a lobeira pode ser uma alternativa renovável de produçãode combustível. “O amido de lobeira usando um micro-organismo específico para fazer a fermentação faz etanol a 10% de rendimento”, que é um nível alto, informou a coordenadora da pesquisa, professora Kátia Fernandes. O etanol produzido pode ser utilizado na fabricação de combustível, licor, cachaça entre outros produtos da indústria de bebidas.
A pectina, que é um açúcar utilizado para a produção de geleias e doces, extraída da planta possui alto rendimento epoderia ser usado no Centro-Oeste como alternativa para produção da pectina para indústria de alimentos. "As fontes desse polissacarídeo são, normalmente, bagaço de maçã e de laranja. Na lobeira, encontramos uma grande quantidade de pectina, então ela poderia ser usada no Centro-Oeste como alternativa para a produção desse composto”, explica a professora Kátia Fernandes.
Os pesquisadores adotaram metodologias mais simples para a extração e produção dos compostos alimentícios com vistas em elaborar um manual voltado aos agricultores para que tenham condições de fazer produtos que contenham alobeira. Na próxima etapa da pesquisa, as fibras do fruto serão testadas como aditivo para a produção de bolos e pães.
Isopor
A fibra extraída do fruto também pode ser utilizada em aplicações além da indústria alimentícia. Por ser um resíduo biodegradável, a fibra está sendo testada na composição do isopor em colaboração com a professora Suzana Mali da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Os primeiros resultados mostram que a bandeja é resistente. Agora, os pesquisadores testam o quanto a inclusão dessa fibra pode reduzir o tempo de degradação do isopor.
Uso em medicamentos
A pesquisadora Elizabeth Mendes testou o extrato da polpa de lobeira em ratos diabéticos e identificou que o composto possui ação anti-inflamatória. Os ratos tratados com a lobeira não desenvolveram problemas renais, ao contrário dos ratos que não foram tratados com o extrato. “Os níveis de glicemia dos ratos diabéticos tratados com lobeira não chegaram a ficar normais, mas eram menores do que os não tratados” acrescentou a professora Kátia Fernandes.
Na Faculdade de Farmácia, o professor Ricardo Marreto estuda drogas usadas para o tratamento de doenças intestinais crônicas. A pectina extraída da lobeira foi utilizada na formulação de medicamentos. De acordo com os resultados obtidos ate o momento, quando o paciente ingere um comprimido que possui pectina em sua formulação, a substância dá aderência e aumenta o tempo de ação do medicamento. Comparado com a pectina da casca de laranja, o composto retirado da lobeira teve ação superior.
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Fonte: Ascom UFG