Idosos superam desafios em busca de formação superior

UFG tem 38 estudantes com mais de 60 anos em cursos de graduação de diferentes áreas de conhecimento

O sonho de se formar em um curso superior, de explorar novas áreas de conhecimento ou de simplesmente continuar aprendendo são alguns dos motivos que levam idosos de volta à sala de aula. O longo período longe dos bancos escolares e a necessidade de conciliar os estudos com as responsabilidades de uma vida adulta podem fazer da graduação um desafio ainda maior para esses estudantes.

A Universidade Federal de Goiás (UFG) possui hoje 38 alunos de graduação com mais de 60 anos em todas as suas regionais – 24 em Goiânia, oito em Catalão, três em Jataí e três na Cidade de Goiás – nas mais diferentes áreas. No último Sistema de Seleção Unificada (SiSU), 49 pessoas com mais de 45 anos foram aprovadas na instituição e vão conviver com os mais de 4 mil jovens de 18 a 20 anos que representam a maioria dos novos alunos.

Aos 72 anos, Raimunda Alves da Rocha está no sétimo período do curso de Ciências Sociais. Mãe de três filhos, terminou o ensino fundamental em 1967 e só voltou a estudar após 22 anos. Depois de outra interrupção, conseguiu concluir o ensino médio em 2004. Quando prestou vestibular, em 2009, queria testar sua capacidade de passar em uma universidade federal. Estudou por conta própria e foi aprovada.

Para se dedicar aos estudos, Raimunda precisou abrir mão do trabalho como massoterapeuta, mas prestes a realizar o grande sonho de se formar em uma faculdade, ela não tem dúvidas de que o esforço valeu a pena. “Hoje eu vejo o mundo de outra forma”, comemora.

Já Paulo Roberto Marra decidiu ir em busca do conhecimento filosófico depois da carreira na área de biologia. Ele formou-se em História Natural em 1971 e, em 1991, mesmo depois de um infarto, concluiu o mestrado em Biologia. Vinte anos depois entrou para o curso de Filosofia da UFG. “Senti dificuldade no primeiro período, depois fui me adaptando e, atualmente, tenho mais facilidade em relação aos conteúdos”. Na reta final, Paulo pensa em concorrer ao mestrado na área e, assim, continuar os estudos.

Valorização Pessoal
O professor Carlos Cardoso Silva, da Faculdade de Educação da UFG, avalia que a inserção de idosos no meio acadêmico, além de promover participação social, escolarização e profissionalização, representa realização e valorização pessoal, ainda que não atuem no mercado de trabalho. “A convivência com idosos é muito significativa no sentido humano, pois são pessoas que têm muita experiência e enriquecem o grupo”.

Além disso, as experiências levadas para a sala de aula são um diferencial. Segundo o professor, é preciso trabalhar metodologias que valorizem essas histórias de vida – uma forma de superar as dificuldades cognitivas e até mesmo o receio que esses estudantes têm de não conseguir aprender por causa da idade.

Fonte: Ascom UFG