Cursinho oferece aulas gratuitas para travestis, transexuais e transgêneros em Goiânia
Aulas são ministradas na Faculdade de Educação da UFG, na Praça Universitária
Um cursinho popular gratuito oferece aulas para pessoas travestis, transexuais e transgêneras que querem se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As inscrições para o Prepara Trans ainda podem ser feitas no formulário online disponível na página do cursinho no Facebook (www.facebook.com/preparatrans
A inciativa tem o apoio do projeto de extensão Universidade, Diversidade Sexual e de Gênero, que promove discussões, estudos, vivências e pesquisas sobre situações de sofrimento e de opressão relacionadas à população LGBT. Todos os professores são voluntários, a maioria estudantes de graduação da UFG. Interessados em dar aula nocursinho também podem se inscrever pela internet.
Eros Mann, um dos organizadores do Prepara Trans, explica que, além de vulnerável, a população transexual costuma ter dificuldade tanto no acesso ao ensino por motivos socioeconômicos, quanto na permanência no ambiente escolar por causa da discriminação e do preconceito. A Articulação Nacional das Travestis, Transexuais eTransgêneros (Antra) estima que 73% das pessoas transexuais já abandonaram a escola e que, destas, 90% estejam na prostituição como alternativa para sobreviver.
De acordo com uma das organizadoras da iniciativa, Bruna Chamelet, o Prepara Trans se organiza de forma autônoma e independente. “O projeto é sustentado por meio de campanhas de doações de materiais ou contribuições financeiras, em que todas as pessoas que acreditam e querem colaborar para a causa podem doar individualmente”, explica.
Nome Social
Estudante de Física da UFG, Eros afirma que só se sentiu à vontade para fazer o curso quando a Universidade passou a assegurar o uso e a inclusão do nome social nos registros oficiais e acadêmicos (Resolução Consuni 14/2014). Nome social é o modo como a pessoa é reconhecida, identificada e denominada em comunidade e em seu meio social, uma vez que o nome de registro civil não reflete sua identidade de gênero.
A oportunidade de ser tratado com respeito e dignidade foi um dos fatores que levaram Luca Haniê Alves a se inscrever no Prepara Trans. Vítima de transfobia desde criança, foi obrigado a conviver com comentários maldosos e insultos dos colegas, além do despreparo da direção da escola. Mais recentemente, Luca decidiu abandonar os estudosem uma faculdade que não permitia que ele usasse seu nome social. “Toda essa carga de repressão, tanto na escola quanto na sociedade, foi um ponto forte para o desencadeamento de depressão e síndrome do pânico contra as quais luto até hoje”.
Com o Prepara Trans, Luca espera ser aprovado para o curso de Estética ou de Direito. Ele considera que o cursinho é importante para proteger a população transexual de agressões físicas e psicológicas, para apoiar a luta pela educação e para a afirmação de que sala de aula também é lugar de pessoas trans. “Um cursinho para pessoas trans é garantir e oferecer um futuro mais digno para essa população em risco, na qual estou inserido diretamente”, afirma.
Fuente: Ascom UFG