Estudante quilombola é contemplada com bolsa de estudo na Espanha

Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo é a primeira estudante do Programa UFGInclui a ser aprovada em mobilidade internacional

A quilombola, Graziele Gabriel, é a primeira estudante integrante do Programa UFGInclui, da Universidade Federal de Goiás (UFG), a ser aprovada para um programa de intercâmbio internacional. Matriculada no curso de Arquitetura e Urbanismo, a estudante vai ingressar na Universidade de Granada, na Espanha, por meio de um programa Erasmus Mais. Ela é integrante do Quilombo Cascata, em Aparecida de Goiânia, um dos maiores quilombos urbanos do Brasil.

Graziele Gabriel afirma que começou procurando possibilidades de mobilidade na internet, ainda que ciente das dificuldades que encontraria, sobretudo no que se refere à exigência de fluência em idiomas estrangeiros. “A competição costuma ser desigual mediante a exigência de idiomas, já que candidatos de baixa renda não costumam ter este tipo de diplomação”, explica. A estudante começou a enviar e-mail para universidades, até que descobriu o programa Erasmus Mais. Essa é a segunda vez que ela se inscreve e agora foi contemplada.

Na Espanha, Graziele Gabriel pretende relacionar os estudos em Arquitetura com a Sustentabilidade, área pela qual sempre se interessou. “Fiz o projeto com base no que eu queria para a minha comunidade”, relata. No ano passado ela participou de um concurso na Croácia e teve um projeto, também baseado em sua comunidade, publicado. “Isso deu um up no currículo para enviar para o intercâmbio”.

A estudante está ansiosa pela viagem no próximo mês e conta que sua principal expectativa é incentivar os colegas do UFGInclui a buscarem experiências como essa. “Para a gente não tem muita oportunidade assim. Vou chegar lá e, na primeira semana, já vai ter um fórum de sustentabilidade na universidade e vou participar”, comemora.

A coordenadora de Assuntos Internacionais da UFG, Ofir Bergemann de Aguiar, lembra que, em geral, os programas de mobilidade Erasmus Mundus Erasmus Mais possuem vagas para estudantes pertencentes a grupos vulneráveis. Segundo ela, a UFG busca integrar programas que oferecem bolsas de estudos de modo a possibilitar que estudantes de classes menos favorecidas possam realizar intercâmbio.

Coordenador de Inclusão e Permanência da UFG, Jean Baptista, acredita que as perspectivas que se abrem mediante a conquista de Graziele servirão de estímulo para outros estudantes do UFGInclui a se candidatarem para programas semelhantes. "É preciso avançar na internacionalização da formação desses jovens. Quando um quilombola ou indígena avança na universidade, toda a nação avança".

UFGInclui

Por meio do UFGInclui é criada uma vaga extra para ser disputada por negros quilombolas e outra por indígenas em cada um dos 140 cursos de graduação oferecidos pela Universidade, desde que haja demanda desses candidatos. Há opções em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Jataí, Catalão e Cidade de Goiás. Para os candidatos surdos, provenientes ou não de escola pública, são ofertadas 15 vagas no curso de Letras/Libras, na modalidade licenciatura, no turno noturno.

Fonte: Ascom UFG