Pesquisa da UFG analisa transformações em Goiânia

Com foco em cidades planejadas, estudo iniciado em 2015 avalia mudanças estruturais, patrimônio histórico e práticas culturais

 

As transformações na paisagem urbana de Goiânia foram alvo de estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG). Desenvolvida no Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa), a pesquisa tem se dedicado às mudanças ocorridas na cidade, prestes a completar 83 anos. Os dados e avaliações apontam as construções de maior impacto, mensuram a preservação do patrimônio histórico e analisam as práticas culturais da cidade.

A investigação, que teve início em 2015 tem previsão de conclusão em seis meses, mas já aponta algumas características da cidade. “A tentativa é para mapear espaços que denotam uma transformação cultural e que modificam a imagem urbana”, explica a pesquisadora e coordenadora do estudo, Valéria Cristina Pereira da Silva. Além de investigar a capital goiana, a pesquisa, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), também tem foco em outras duas metrópoles com origem planejada: Brasília e Belo Horizonte.

Novas Paisagens

Goiânia foi pensada como uma cidade moderna e teve sua paisagem marcada pelo art déco. Nas primeiras observações da pesquisa, foi possível identificar que, em muitos lugares da cidade, esse estilo fora destruído. De acordo com a pesquisadora, um dos locais que evidenciam esse aspecto é a Praça do Trabalhador onde, originalmente, havia um monumento em homenagem à classe trabalhadora e que não existe mais.

A pesquisadora destacou duas novas construções recentes que modificaram a paisagem da cidade, em 2013. De cunho cultural, a Vila Cultural Cora Coralina que é um espaço de memória e cultura cuja exposição inicial, Goiânia 80 anos unia tecnologia de ponta e memória da cidade na construção de suas imagens.

Segundo Valéria Cristina, outra paisagem que rompe do ponto de vista da forma, embora não do ponto de vista ambiental e da prática do comércio, está o Shopping Passeio das Águas que possui uma estética arquitetônica contemporânea em formato de borboleta que altera a percepção visual.

A pesquisa aponta ainda que espaços de práticas culturais têm emergido em Goiânia, porém, com pouca visibilidade diante da população. A professora destaca um retrocesso que tem ocorrido paralelo a criação desses novos espaços, como a perda da paisagem dos flamboyants na Avenida Goiás Norte e a Praça do Relógio, no Jardim Goiás, que tinham uma conotação afetiva por parte dos moradores da cidade.

Outras metrópoles

O estudo permite o comparativo de transformações entre as cidades planejadas. Em Minas Gerais foram realizados trabalhos de campo em Belo Horizonte, na qual, o conjunto de prédios administrativos localizado no centro histórico e cívico foi deslocado para outra região da cidade. Assim, essa parte da cidade tornara-se, na última década, exclusivamente centro cultural o que foi visto como uma significativa mudança. O local foi transformado em museus e casas de cultura, teatros, entre outros espaços culturais o que não ocorreu em Goiânia.

Brasília é a metrópole mais nova, das três cidades observadas no projeto, derivada do modernismo e fundada na década de 1960. “Desde o início da ocupação de Brasília, já começaram os rompimentos com a rigidez. Projetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, vários edifícios da cidade seguem o estilo do modernismo, mas uma novidade que talvez possa ser ligada ao nosso inconsciente barroco: as curvas de Brasília” destaca a pesquisadora. “A partir das primeiras observações foi constatado que a cidade tornara-se, em pouco tempo, também patrimônio histórico”, explica a professora.

Fonte: Ascom