Pesquisa da UFG analisa o prazer de ouvir rock and roll
Estudo investigou as sensações auditivas e as conexões cerebrais no ouvinte e concluiu: volume alto pode ser bom
Comemorado mundialmente todo 13 de julho, o rock and roll surgiu na década de 50, em plena Guerra Fria, e se transformou no maior símbolo de rebeldia e de combate a qualquer tipo de tradicionalismo, fascinando adultos e jovens de todo o mundo. A fim de entender os motivos de tamanho envolvimento, a Universidade Federal de Goiás (UFG) realizou uma pesquisa sobre as sensações auditivas e as conexões cerebrais causadas em quem ouve esse estilo musical e que auxiliam a propagação desse tipo de música. Segundo o estudo, a intensidade do volume é uma das principais causas do efeito prazeroso que o rock proporciona aos ouvintes.
A pesquisa é o resultado da tese de mestrado do aluno da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac) da UFG, Rodrigo Invernizzi, orientada pelo professor Wolney Unes. O estudo fez uma análise psicoacústica do ouvinte. “O rock and roll está constantemente relacionado a volumes próximos ao limiar da dor. Essa parece ser uma característica principal deste gênero musical. Dificilmente se ouvirá de um roqueiro algo como ‘abaixe o som’ ou até mesmo ‘não suporto som alto’. A marca do roqueiro continua sendo ouvir música no volume máximo”, afirma Rodrigo Invernizzi no estudo.
Segundo o estudo, as ondas sonoras em níveis altos de intensidade liberam no organismo humano hormônios do prazer, como a endorfina e a dopamina, em decorrência do esforço muscular prolongado provocado pelo reflexo acústico. Assim, ao escutar uma música, o ser humano é envolvido por sensações e experiências físicas e psicológicas, que alteram os sentidos táteis, emocionais e visuais. Na pesquisa, Rodrigo Invernizzi explica que, se ouvida em alto volume, essas sensações tendem a se intensificar e envolver todo o corpo. “Outros fatores que contribuem para essa sensação de prazer são a sociabilização, a dança, ou mesmo o prazer intelectual resultado da antecipação de ouvir uma música conhecida”, completa.
Popularização do rock
Considerado por muitos críticos, a exemplo do cantor Frank Sinatra, como um estilo musical simples e com “letras hipócritas, obscenas e sujas”, o rock foi disseminado pelas produções cinematográficas, tendo sua estreia no longa Sementes da Violência, de Richard Brooks. O filme tem em sua trilha sonora a canção que se tornou um hino da juventude rebelde dos anos 1950, Rock Around The Clock, de Bill Haley. Para além das telas de cinema, o gênero musical foi e continua sendo difundido em campanhas publicitárias e também no mundo da moda, que espalhou o estilo roqueiro de se vestir, com as famosas jaquetas de couro e o jeans rasgado. Segundo o professor Wolney Unes, o rock é praticamente um estilo de vida que inclui gostos, padrões e ideias, produtos da indústria cultural, mas que foi imprescindível para sua universalidade.
Wolney Unes explica ainda que o estilo musical se popularizou, entre outras razões, em decorrência da vitória dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial: “O rock era a música do vencedor”. Em meio aos concertos realizados para o exército e a mistura dos gêneros musicais já consolidados no país como blues, country e jazz, nasceu o rock and roll no sul dos Estados Unidos. De acordo com ele, o estilo musical passou pela fase Classic Rock, com nomes como Bill Haley e Elvis Presley, e na década de 60, o tema Sexo, Drogas e Rock’n’Roll foi disseminado por bandas como Beatles, The Doors, The Rolling Stones e Pink Floyd.
Fuente: Ascom UFG