UFG desenvolve nova técnica que agiliza investigação forense
Pesquisadores criaram sensor portátil para identificar o tempo de morte de cadáveres
Descobrir o tempo de morte de um cadáver pode ser a chave para solucionar diversos crimes, mas nem sempre o diagnóstico é fácil, podendo exigir do perito criminal o uso de equipamentos dispendiosos e de difícil transporte. Estudos da Universidade Federal de Goiás (UFG) podem deixar esse trabalho mais fácil. Pesquisadores desenvolveram sensores descartáveis para estimar o intervalo decorrido entre a morte do indivíduo e o exame cadavérico. O diagnóstico é feito a partir de uma substância encontrada no olho humano e já pode ser realizado na cena do crime.
O dispositivo miniaturizado, portátil, fabricado em folha de papel e, portanto, descartável, é capaz de dosar os níveis de ferro em amostras de uma substância gelatinosa encontrada entre o cristalino e a retina dos olhos dos cadáveres. Como o intervalo post-mortem (IPM) é diretamente proporcional à concentração de ferro, ao medir a concentração dessa substância no olho, o dispositivo fornece resposta imediata do tempo decorrido do óbito.
O estudo foi desenvolvido no Instituto de Química da UFG, pelo doutorando Paulo de Tarso Garcia, sob a orientação do professor Wendell Coltro, em parceria com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioanalítica e a Universidade Estadual de Campinas. Para medir o nível de ferro encontrado na substância gelatinosa, os pesquisadores desenvolveram processos bioquímicos em função de uma coloração alaranjada, de forma que quanto mais intensa a cor apresentada no sensor, maior é o tempo decorrido do falecimento.
Segundo Wendell Coltro, o grupo criou até mesmo uma escala, similar a um gradiente de cores, que facilita o trabalho dos peritos. “Esses recursos, além de rápidos, simples e de baixo custo, permitem que o dispositivo possa ser utilizado sem necessidade de treinamento técnico”, afirmou. O professor explica ainda que, atualmente, o grupo está trabalhando em alguns ajustes que permitirão uma resposta precisa para intervalos de postmortem inferior a 24 horas. Eles também estão concluindo o depósito de uma patente e estabelecendo uma parceria com o Instituto Médico Legal da Polícia Civil de Goiás.
Source: Ascom UFG