Educação Infantil: Ensino especial e experiências de outros Estados encerram Seminário

Data: 19 de agosto de 2017

Fonte/Veículo: Diário de Goiás

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A secretária de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), Raquel Teixeira, encerrou na noite desta sexta-feira, 18/8, o I Seminário Internacional sobre Educação Infantil agradecendo a presença de prefeitos e secretários municipais de Educação. Desde quinta-feira, o grupo esteve reunido no auditório do Hotel San Marino, em Goiânia, para um ciclo de palestras e troca de experiências sobre o tema. A lista de palestrantes contou com especialistas de diversos Estados e também de outros países.

“Tenho certeza que estamos saindo daqui diferentes do que entramos”, destacou a secretária ao agradecer a contribuição de cada palestrante. A titular da Seduce classificou o momento como único, uma vez que o programa Goiás Mais Competitivo e Inovador (GMCI) está proporcionando uma parceria entre Estado e municípios em prol da Educação Infantil. “O que queremos com a Educação é o desenvolvimento pleno do ser humano, e isso começa a ser construído nos primeiros anos de vida”, comentou.

Experiências no Nordeste

A tarde de sexta-feira contou com mais uma rodada de quatro palestras. Foi momento de especialistas de outros Estados compartilharem suas experiências. Prefeito de Petrolina (PE) entre 2009 e 2016, Júlio Lóssio adotou o envolvimento comunitário como estratégia para ampliar o atendimento na Educação Infantil daquele município. Nos dois mandatos, Lóssio disse que ampliou em 150 o número de creches da cidade. O incremento levou para a rede municipal mais de 10 mil crianças.

O prefeito trabalhou o conceito de creches compactas e, com o apoio financeiro mensal de R$ 25 de cada mãe, alugou os imóveis. Ficaram para a prefeitura os gastos de manutenção e pessoal. O trabalho fez com que o município alcançasse 100% das crianças com idade entre 4 e 5 anos e 80% do público alvo na faixa etária de 0 a 3 anos ao final de 2016.

O ex-prefeito explicou que a co-participação das mães nas creches não tinha só o aspecto financeiro, elas eram envolvidas a faziam parte do processo. “Nesse país nós precisamos fazer escolhas. O poder público tem que ter limites”, pontuou. A apresentação de Lóssio foi destacada na programação do Seminário como um exemplo de experiência inovadora na área.

A secretária de Educação do Ceará, Márcia Oliveira Cavalcante, também apresentou dados sobre a iniciativa que o governo estadual teve de estabelecer um regime de cooperação com municípios. Semelhante ao que está sendo desenvolvido em Goiás, o programa cearense começou em 2007 e conta com diversas etapas.

Mais recentemente, em 2015, foi criado o Programa Mais Infância com a união de esforços nas áreas da Educação, Saúde e Desenvolvimento Social. “É uma rede de apoio que promove a Educação Infantil”, resumiu a secretária. “Estamos desenvolvendo um trabalho de mudança de visão, de entendimento do que significa a Educação. É preciso fazer as pessoas entenderem a importância de se investir na Educação durante os primeiros anos de vida”, concluiu Márcia.

Mais palestras

Já a especialista Zilma de Moraes Ramos de Oliveira, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP-SP), abordou o tema Educação Infantil: currículo, didática e formação docente. Zilma detalhou alguns aspectos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), enfatizando ao público que a organização da base não é só uma orientação para a construção de currículos. Ela tem impactos significativos na maneira de trabalhar conteúdos.

Para Zilma, o aprendizado da criança não pode seguir a rotina que é trabalhada nos Ensinos Fundamental e Médio, com uma organização muito fechada. “O foco não deve ser na perspectiva do professor, e sim na do aluno. A criança constrói experiência com sua noção espaço-tempo, que é diferente da nossa”, explicou.

A especialista defende que o conhecimento da criança não se dá dentro de uma rotina, portanto, não é possível estabelecer horários específicos para o aprendizado. “A abordagem do currículo se dá desde a hora que a criança entra até a hora que ela sai da unidade de ensino”, completou.

Na última palestra, a professora Dulcéria Tartuci, da Universidade Federal de Goiás – Unidade Catalão, falou sobre Educação Infantil e a inclusão da criança público-alvo da Educação Especial. “Estou muito feliz de saber que vamos começar uma discussão em Goiás de política articulada com governo estadual e municípios. Esse é um momento histórico”, disse ao elogiar a iniciativa do GMCI.

A especialista expôs um levantamento sobre o número de vagas destinadas às crianças público-alvo da Educação Especial, evidenciando a necessidade de dar mais atenção ao assunto. Dulcéria também disse que o país não possui nenhuma diretriz com relação à estimulação precoce para crianças de 0 a 3 anos com alguma deficiência. “Os documentos básicos que temos hoje estão vinculados à área da Saúde. As instituições de Educação Infantil não estão pensando nisso”, disse.

A professora da UFG ainda abordou a urgência em se pensar na adaptação da estrutura física de creches e pré-escolas para receber os alunos. “Um dos nossos desafios é conjugar novas formas de organização escolar”, destacou, ao defender a criação de um currículo para a Educação Infantil, bem como o investimento na formação de professores e gestores.

 

Sobre o Seminário

O I Seminário Internacional sobre Educação Infantil: Caminhos e Conhecimentos para o Desenvolvimento da Primeira Infância é uma iniciativa da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o Ministério da Educação (MEC) e integra o desafio de promoção do acesso à Educação Infantil do programa Goiás Mais Competitivo e Inovador do Governo de Goiás.